Taxas futuras de juros fecham perto da estabilidade em meio à expectativa com payroll
Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos contratos futuros de juros fecharam a quinta-feira perto da estabilidade no Brasil, novamente influenciadas pelos rendimentos dos Treasuries de dez anos -- que chegaram a subir durante a sessão, mas migraram para o campo negativo à tarde, com investidores à espera de novos dados de emprego nos EUA na sexta-feira.
Pela manhã, os yields dos títulos norte-americanos de dez anos avançavam, após terem atingido a mínima de três anos na véspera. Investidores corrigiam posições e se preparavam para a divulgação do relatório de emprego payroll na sexta-feira -- o dado do mercado de trabalho mais aguardado nesta semana.
Nos mercados globais, a avaliação é de que o payroll poderá corroborar ou não os números mais recentes do mercado de trabalho norte-americano, que indicaram desaceleração na geração de vagas.
Na terça-feira, o Departamento do Trabalho informou que as vagas de emprego, uma medida de demanda por trabalho, caíram 617.000, para 8,733 milhões, no último dia de outubro, conforme o relatório JOLTS. Na quarta, o Relatório Nacional de Emprego da ADP informou que foram abertos 103.000 postos de trabalho no setor privado em novembro nos EUA, bem abaixo dos 130.000 postos projetados em pesquisa da Reuters.
Um payroll fraco, na visão do mercado, vai reforçar as apostas mais recentes de que o Federal Reserve iniciará o processo de corte de juros já em março do ano que vem. Durante a tarde desta quinta-feira esta perspectiva voltou a fazer preço e conduziu os rendimentos dos Treasuries de dez anos novamente para o campo negativo.
No Brasil, as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) de longo prazo, que até o início da tarde sustentaram ganhos, acabaram migrando para o negativo, em sintonia com os Treasuries. Na ponta curta da curva a termo, as taxas se mantiveram em leve baixa.
“O exterior vai ser o pivô para o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) acelerar ou manter o ritmo de 50 pontos-base (de corte da taxa básica Selic). Se os EUA de fato iniciarem o afrouxamento em março, o Copom tem tudo para acelerar o ritmo de cortes da Selic”, opinou o gerente da mesa de Derivativos Financeiros da Commcor DTVM, Cleber Alessie Machado.
Para outros profissionais do mercado, o corte de juros pelo Fed abrirá caminho para mais reduções de 50 pontos-base da Selic pelo BC -- e não necessariamente para uma aceleração do ritmo. O BC tem sinalizado a intenção de cortar a Selic, atualmente em 12,25% ao ano, em 50 pontos-base pelo menos na próxima semana e no encontro de janeiro. Porém, profissionais ouvidos pela Reuters nos últimos dias têm afirmado que o início do corte de juros nos EUA já em março poderá mudar a perspectiva.
Por enquanto, a curva a termo brasileira precifica de forma clara dois cortes da Selic de 50 pontos-base na próxima semana e em janeiro, além de outro corte da mesma magnitude no encontro de março do Copom. Na reunião seguinte, em maio, a precificação indica que as apostas estão divididas entre corte de 50 pontos-base e de 25 pontos-base.
Antes do fechamento do mercado, as taxas dos DIs se reaproximaram da estabilidade, ainda que mantivessem um viés de baixa na maioria dos contratos, em sintonia com os Treasuries.
No fim da tarde desta quinta-feira a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 10,3%, ante 10,326% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 9,935%, ante 9,981% do ajuste anterior. A taxa para janeiro de 2027 estava em 10,05%, ante 10,077%.
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2028 estava em 10,32%, ante 10,336%. O contrato para janeiro de 2031 marcava 10,74%, ante 10,73%.
No exterior, as taxas dos Treasuries de dez anos seguiam em leve baixa.
Às 16:38 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento-- caía 0,20 ponto-base, a 4,1191%.
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