Guterres pede resposta global contra 'multinacionais do crime'
O crime transnacional necessita de uma "resposta global", afirmou, nesta quinta-feira (7), o secretário-geral da ONU, António Guterres, em um debate do Conselho de Segurança presidido pelo mandatário equatoriano, Daniel Noboa, para analisar os desafios e as ameaças das "corporações multinacionais do crime".
Fluxos financeiros ilícitos, tráfico de pessoas, de drogas, de armas que contribuem para inflamar conflitos, de recursos naturais e vida selvagem, que estão destruindo o planeta, são algumas das atividades cada vez mais interrelacionadas que patrocinam as "autênticas corporações multinacionais do crime", afirmou Guterres.
"Quase sempre invisível, mas sempre insidioso", o crime internacional é uma "ameaça feroz [...] para a paz, a segurança e o desenvolvimento sustentável", acrescentou, por isso "uma cooperação internacional e regional mais forte é decisiva".
"O ciberespaço é o Eldorado virtual para os criminosos", disse Guterres, antes de dizer que é preciso "enfrentar os desafios globais com respostas globais".
Proposto pelo Equador na qualidade de presidente do órgão nesse mês de dezembro, o debate é a primeira atividade multilateral de Noboa desde que assumiu a presidência de seu país em 23 de novembro.
Com cerca de 3.600 assassinatos ao longo do ano, segundo o Observatório Equatoriano do Crime Organizado, o país sul-americano sofre com uma onda de violência sem precedentes.
"O Equador foi impactado pela onda de crime internacional e seus vínculos com grupos armados que ameaçam o Estado de direito, o controle estatal e a segurança fronteiriça", disse Noboa, que pediu "uma contundente e oportuna resposta transnacional".
Em proposta apresentada por Equador e França, o Conselho de Segurança adotou por unanimidade uma declaração presidencial em que faz um apelo aos Estados-membros para "que melhorem a gestão das fronteiras e a cooperação internacional a fim de frear eficazmente a propagação das ameaças transnacionais".
Contudo, a declaração reconhece que "são necessárias estratégias distintas para enfrentar as ameaças relacionadas com a segurança das fronteiras", por isso insiste na "importância de que os Estados-membros adotem um enfoque global e equilibrado".
Do Haiti, passando pelo Sahel, Somália, Afeganistão ou Colômbia, o crime organizado apresenta múltiplas faces.
Para Guterres, as multinacionais do crime podem adotar muitas formas, mas suas ramificações são sempre as mesmas, disse: "enfraquecimento da governança e da lei, corrupção, violência, morte e destruição".
af/mel/dd/am
© Agence France-Presse
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