Dólar tem leve alta ante real antes de novos dados de emprego nos EUA
Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar à vista fechou esta quinta-feira com leves ganhos ante o real, na contramão da tendência mais geral para a moeda norte-americana no exterior de queda ante outras divisas, com investidores à espera de novos dados do mercado de trabalho dos EUA na sexta-feira.
O dólar à vista fechou o dia cotado a 4,9088 reais na venda, em alta de 0,13%. Em dezembro, o dólar acumula baixa de 0,13%.
Na B3, às 17:12 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,14%, a 4,9190 reais.
Pela manhã, o dólar oscilou entre altas e baixas em diferentes momentos, mas em margens estreitas, com a moeda norte-americana sem fôlego para emplacar variações maiores.
Na cotação mínima da sessão, às 10h07, o dólar atingiu 4,8799 reais (-0,45%). Na máxima, às 11h56, atingiu 4,9160 reais (+0,28%). Da mínima para a máxima, a variação foi de apenas 0,74%, numa clara indicação de que os negócios seguiam travados.
“Todo mundo está de olho no 'payroll'”, resumiu Thiago Avallone, especialista em câmbio da Manchester Investimentos, ao justificar a variação contida das cotações nesta quinta-feira.
A leitura do mercado é de que o relatório de emprego payroll poderá corroborar ou não os números mais recentes do mercado de trabalho norte-americano, que indicaram desaceleração na geração de vagas.
Na terça-feira, o Departamento do Trabalho informou que as vagas de emprego, uma medida de demanda por trabalho, caíram 617.000, para 8,733 milhões, em outubro, conforme o relatório JOLTS. Na quarta, o Relatório Nacional de Emprego da ADP informou que foram abertos 103.000 postos de trabalho no setor privado em novembro nos EUA, bem abaixo dos 130.000 postos projetados em pesquisa da Reuters.
Um payroll fraco, na visão do mercado, vai reforçar as apostas mais recentes de que o Federal Reserve iniciará o processo de corte de juros já em março do ano que vem -- o que, em tese, pode servir como novo estímulo de baixa para o dólar ao redor do mundo.
“Mas temos que ficar atentos no Brasil, porque não veremos em um primeiro momento uma queda significativa (do dólar), porque historicamente multinacionais e fundos costumam fazer remessas de recursos para fora em dezembro”, ponderou Avallone.
Na prática, as remessas de fim de ano tendem a sustentar o dólar em patamares mais elevados nesta sexta-feira, mesmo que o payroll traga novo viés negativo para a divisa dos EUA.
No exterior, o dólar index -- que compara a divisa dos EUA com uma cesta de pares fortes -- mantinha-se em baixa firme no fim da tarde desta quinta-feira, puxado principalmente pela disparada do iene, após o banco central japonês indicar que seus juros podem deixar o território negativo.
O viés principal para o dólar também era de baixa em relação a outras divisas de emergentes e exportadores de commodities. Algumas das exceções eram vistas no Brasil e no México, onde o dólar avançava.
Às 17:12 (de Brasília), o índice do dólar --que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas-- caía 0,59%, a 103,540.
Pela manhã, o Banco Central vendeu todos os 16.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados na rolagem dos vencimentos de fevereiro.
À tarde, o BC informou que o Brasil registrou fluxo cambial total positivo de 296 milhões de dólares em novembro. Pelo canal financeiro, houve saídas líquidas de 703 milhões de dólares no período e, pela via comercial, entradas de 999 milhões de dólares.