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Brasil não quer que tensão entre Venezuela e Guiana contamine retomada de integração regional

07/12/2023 17h18

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que não quer que a disputa entre a Guiana e a Venezuela sobre a região de Essequibo contamine a retomada do processo de integração regional ou a estabilidade no continente.

Vivian Oswald, correspondente da RFI no Rio de Janeiro.

"O Mercosul não pode ficar alheio à situação", enfatizou Lula em seu discurso de abertura da 63a Cúpula do Mercosul, no Rio de Janeiro, que encerra a presidência brasileira do bloco.

Antes de pedir que os outros integrantes do bloco considerassem a inclusão de texto sobre a tensão entre os dois lados, Lula afirmou que o Brasil acompanha com crescente preocupação a situação e colocou o país e o Itamaraty à disposição para sediar "qualquer e quantas reuniões forem necessárias".

"Uma coisa que nós não queremos na América do Sul é guerra. Não precisamos de guerra ou de conflito", disse.

Os presidentes do Mercosul e países associados devem assinar uma carta pedindo à Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e à antiga União de Nações Sul-Americanas (Unasul) que ajudem a mediar o diálogo entre os dois países.

"Não queremos que isso contamine a retomada do processo de integração regional ou constitua ameaça à estabilidade", insistiu.

Do lado brasileiro da fronteira com os dois países, foi reforçada a presença das Forças Armadas. A única estrada que liga a Venezuela ao Essequibo atravessa o território brasileiro, passando por 400 km do estado de Roraima, e o Brasil já avisou que não permitirá a entrada de militares venezuelanos. Rica em mineiras, porém pouco habitada, a região de Essequibo ocupa quase dois terços do território da Guiana.

Acordo Mercosul - União Europeia

Sobre o acordo entre Mercosul e União Europeia (UE) que esperava poder fechar no fim da cúpula, Lula afirmou que conversou com vários líderes do velho continente. Ele afirmou que o texto fechado em 2019 durante o governo de seu antecessor, Jair Bolsonaro, era "inaceitável" e que agora estaria mais "equilibrado".

O governo brasileiro ainda trabalha para fechar o acordo. As negociações foram suspensas a pedido da Argentina, que troca de presidente neste domingo. Segundo fontes negociadoras, se a nova administração da Casa Rosada der o prometido aval ao avanço das conversas, o acordo pode ser fechado em uma questão de dias ou semanas.

Em seu discurso na quarta-feira, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, salientou o progresso das negociações e disse que a expectativa era de poder assiná-lo em breve.

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