Em Berlim, Scholz garante a Lula esforços para fechar acordo União Europeia-Mercosul
Ao anunciarem a assinatura de diversos acordos de cooperação nas áreas de meio ambiente, clima, agricultura, economia, energia, saúde, ciência e inovação, o presidente Lula e o chanceler alemão Olaf Scholz destacaram, nesta segunda-feira (4), a importância da parceria estratégica entre os dois países. A Alemanha disse que o Brasil, que assumiu a presidência do G20, pode confiar no parceiro europeu.
Lula disse estar feliz de voltar à Alemanha, após ter estado na COP 28 em Dubai. "Adotamos parcerias para uma transformação ecológica e socialmente justa. Reforçar a cooperação na área ambiental que inclui o fundo Amazônia e muitos outros projetos. Atuar na promoção da industrialização verde, agricultura de baixo carbono e a bioeconomia", explicou o presidente brasileiro.
A Alemanha é o primeiro país do G20 visitado por Lula desde que o Brasil assumiu a presidência do grupo. Lula reiterou as "prioridades de combater a desigualdade, a pobreza, a fome e as mudanças climáticas, além de discutir mudanças nas estruturas de governança global".
Lula ouviu do chanceler Olaf Scholz que ele "se esforçaria para a aplicação do acordo União Europeia (UE) Mercosul". Lula mostrou interesse no assunto, destacando que "são quase 23 anos de negociação". Lula disse ter "reiterado ao chanceler a expectativa de que a UE decida se tem ou não interesse na conclusão de um acordo equilibrado".
Scholz relembrou que "desde 2008, o Brasil e a Alemanha lutam em prol da sustentabilidade e pela descarbonização da indústria". O chanceler destacou que "os dois países militam em favor da proteção das florestas, da natureza e das espécies" e que por isso assinavam "uma parceria em prol de uma transição ecológica socialmente justa".
Inicialmente, Scholz agradeceu a Lula, pois graças aos esforços do brasileiro "a preservação das florestas tornou-se novamente uma prioridade". Scholz continuou afirmando que Brasil e Alemanha vão "lançar projetos para alcançar o desmatamento zero até 2030". Porém, "essa transformação somente será bem-sucedida se for socialmente justa, com a criação de empregos in loco", continuou o alemão.
Lula compartilhou os esforços do Brasil para cumprir a meta de zerar o desmatamento até 2030. "Em 2023, o desmatamento na Amazônia foi reduzido em quase 50%", disse o presidente brasileiro. "O planeta Terra está nos dizendo: não brinquem comigo. Eu já suportei muitas adversidades", disse Lula.
Brasil e Alemanha reforçam a cooperação no setor das energias renováveis e do hidrogênio. "Associamos o potencial do Brasil ao interesse da Alemanha no hidrogênio verde, que seria profícuo para ambas as partes", destacou Scholz.
Os dois líderes ainda falaram sobre as ameaças à democracia, e o chanceler alemão fez referência à invasão do Congresso brasileiro em 8 de janeiro. Scholz mencionou "um evento triste, as imagens de Brasília quando uma plebe destruiu símbolos da democracia". Para o chanceler alemão, "as democracias têm que ser resilientes", e prometeu se empenhar no combate a "campanhas de desinformação".
Conflitos internacionais
No plano internacional, os ataques da Rússia na Ucrânia foram citados. De acordo com a Alemanha, eles representam "uma violação da Carta das Nações Unidas e ao Direito Internacional". Scholz destacou que "o Brasil tem um papel importante a desempenhar nesse processo".
"Falamos sobre ameaças à democracia e o estado de direito. Concordamos em enfrentar as forças antidemocráticas que atuam de forma internacional e fomentam o extremismo", respondeu Lula.
Outro assunto tratado foi a continuidade dos conflitos no Oriente Médio. De acordo com Scholz, o combate ao terror deve acontecer dentro do contexto do direito internacional e para evitar o sofrimento da população de Gaza, que precisa de ajuda humanitária duradoura. "Queremos uma solução pacífica para o Oriente Médio e estamos convencidos sobre a necessidade da criação de dois estados para que palestinos e israelenses possam conviver em paz", disse o chanceler alemão.
Lula destacou que os conflitos em andamento atualmente, na Ucrânia e no Oriente Médio, "são frutos da irracionalidade humana". E tudo isso acontece "porque a ONU não está cumprindo com o papel histórico para a qual foi criada", observou Lula.
A Alemanha é o parceiro mais tradicional do Brasil em matéria de cooperação técnica e financeira. O BNDES e o Banco de Fomento alemão devem estreitar ainda mais uma parceria de 60 anos. Nesta terça-feira (5), acontece em Berlim o Dia da Inovação do Brasil, que vai conectar brasileiros e alemães em torno das discussões sobre startups, governança digital e inteligência artificial.
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