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Secretário-geral da ONU denuncia violações dos direitos humanos em Gaza e irrita chanceler de Israel

25/10/2023 05h06

O secretário-geral da ONU, António Guterres, denunciou, nesta terça-feira (24), no Conselho de Segurança, as "violações claras do direito humanitário" em Gaza, provocando a ira do chanceler israelense, Eli Cohen. "Nenhuma das partes em um conflito está acima do direito humanitário internacional", disse Guterres, ao lembrar que até mesmo as guerras "têm regras". 

O secretário-geral da ONU, António Guterres, denunciou, nesta terça-feira (24), no Conselho de Segurança, as "violações claras do direito humanitário" em Gaza, provocando a ira do chanceler israelense, Eli Cohen. "Nenhuma das partes em um conflito está acima do direito humanitário internacional", disse Guterres, ao lembrar que até mesmo as guerras "têm regras". 

Luciana Rosa, correspondente da RFI em Nova York

Guterres condenou o grupo Hamas pelo ataque de 7 de outubro em território israelense que deixou 1.400 mortos, a maioria civis, mas ao mesmo tempo disse que "é importante reconhecer" que esses ataques "não vieram do nada".

Objeto de "56 anos de ocupação sufocante", a população palestina viu como "sua terra era devorada sem cessar pelos assentamentos e assolada pela violência; sua economia, asfixiada; sua população, deslocada e seus lares, demolidos. Suas esperanças de uma solução política para sua difícil situação foi desvanecendo", ressaltou Guterres.

"Senhor secretário-geral, em que mundo você vive?", questionou o chanceler israelense, Eli Cohen, após lembrar que Israel "não apenas tem o direito de se defender, mas também o dever", disse. "Sem dúvida nenhuma, não é o nosso" mundo, respondeu a si mesmo, exibindo fotos dos ataques do Hamas contra civis. Em uma declaração aos jornalistas, acompanhado por familiares de alguns dos 200 reféns sequestrados pelo Hamas, garantiu que havia cancelado a reunião prevista com Guterres.

Os 15 membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas, atualmente presidido pelo Brasil, reuniram-se para discutir uma proposta de resolução sobre a guerra entre Israel e Palestina

A versão da resolução proposta pelos Estados Unidos alega direito de autodefesa de Israel na guerra contra o Hamas, mas ainda não tem consenso. O país usou seu poder de veto para barrar a última proposta de resolução na última quarta-feira  (18), texto do Brasil, alegando que este não incluía o direito de Israel de se defender dos ataques do Hamas.

Antes do veto, a votação da resolução proposta pelo Brasil já havia sido adiada duas vezes. Havia algumas expectativas de que a versão americana fosse votada nesta terça-feira (24), mas diplomatas disseram que o texto seguirá em negociação e precisa de alguns ajustes, principalmente no que diz respeito ao direito de defesa de Israel.

"Culpados pela falta de ação"

O secretário-geral da ONU afirmou também que 35 funcionários da ONU foram mortos em Gaza desde o início da guerra e voltou a pedir que Israel e Egito retomem as negociações para a abertura de um canal que permita o ingresso de ajuda humanitária no território. Até o momento, apenas três comboios com menos de cem caminhões conseguiram ingressar em Gaza.

"Nós seremos considerados culpados da nossa falta de ação", disse o Ministro das Relações Exteriores  brasileiro, Mauro Vieira, na presidência pró tempore do Conselho de Segurança das Nações Unidas. "Diplomacia e diálogo são nossos maiores trunfos", sentenciou o brasileiro. O secretário-geral dos Estados Unidos, Antony Blinken pediu que "não se jogue ainda mais lenha na fogueira", ao comentar os rumores da entrada do Irã no conflito.

"Pedimos a todos os estados-membros para que enviem uma mensagem firme e unida a qualquer intervenção estatal ou não-estatal que considere abrir outra frente neste conflito contra Israel ou que possa ter como alvo os parceiros de Israel, incluindo os Estados Unidos", pediu o americano.

Ainda assim, o exército americano teria enviado navios de guerra e aviões de combate para o Oriente Médio, como uma mensagem subliminar para dissuadir o Irã e grupos apoiados pelo país, como o libanês Hezbollah, de tentar intervir na guerra.

O representante dos Estados Unidos disse também que os civis precisam ser poupados, não importa sua nacionalidade, em uma tentativa de  defender o país das críticas que recebeu após vetar a última proposta do Conselho. Blinken lembrou que os Estados Unidos são o país que está mandando a maior quantidade de fundos para ajudar as vítimas em Gaza.

Com informações da AFP

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