Dólar tem instabilidade com rendimentos dos EUA, riscos geopolíticos e China dividindo atenções
SÃO PAULO (Reuters) -O dólar tinha alta tímida frente ao real em meio a negociações instáveis nesta quarta-feira, com o mercado de olho no comportamento dos rendimentos dos títulos norte-americanos e nos riscos geopolíticos, enquanto a China dava algum apoio ao sentimento após anunciar novos estímulos econômicos.
Às 9:49 (horário de Brasília), o dólar à vista avançava 0,09%, a 4,9981 reais na venda. A divisa norte-americana mostrou vaivém ao longo da primeira hora de negociações, e chegou a cair 0,16% mais cedo, a 4,9857.
Segundo Jefferson Rugik, presidente-executivo da Correparti Corretora, nos momentos de queda o dólar provavelmente refletiu movimentos de venda da moeda por parte de agentes exportadores.
Na B3, às 9:49 (horário de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,06%, a 5,0000 reais.
Movimentos técnicos à parte, "o que de fato vai guiar o mercado de câmbio, pelo menos nesses dias, é tanto a questão dos rendimentos americanos quanto a tensão no Oriente Médio", disse Márcio Riauba, gerente da mesa de operações da StoneX.
O rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento -- subia 4,00 pontos-base, a 4,8803%, depois de recentemente ter superado os 5% pela primeira vez desde 2007.
Segundo Riauba, a "alta repentina (nas taxas dos Treasuries) reforça a resiliência da economia americana, que por enquanto não abre espaço para novos indicativos de recessão, como mostram os números pujantes da economia".
Nesse contexto, investidores aguardam dados cruciais sobre o Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA no terceiro trimestre, agendados para quinta-feira, bem como uma leitura na sexta-feira do índice de inflação PCE, o favorito do Federal Reserve.
O banco central norte-americano se reúne na semana que vem, nos dias 31 de outubro e 1° de novembro. Embora a ampla expectativa seja de manutenção dos juros básicos nos EUA, qualquer posicionamento mais rígido do Fed sobre o futuro da política monetária pode elevar a demanda pelo dólar.
Enquanto isso, militares israelenses intensificaram seus bombardeios no sul de Gaza mesmo depois de terem ordenado que civis palestinos do norte se abrigassem na região, enquanto seguiam os apelos internacionais por uma pausa nos combates para permitir a entrada de ajuda no enclave e evitar, além de muitas outras mortes, a disseminação do conflito pelo Oriente Médio.
Na China, o principal órgão parlamentar aprovou a emissão de 1 trilhão de iuanes (137 bilhões de dólares) em títulos soberanos, medida que ocorre no momento em que Pequim se prepara para injetar uma nova dose de estímulo fiscal para sustentar a recuperação econômica.
Riauba destacou a alta nos contratos futuros do minério de ferro -- commodity a cujos preços o real é muito sensível -- na esteira do anúncio da China.
Na véspera, o dólar à vista fechou o dia cotado a 4,9936 reais na venda, em queda de 0,45%.
(Edição Paula Arend Laier e Pedro Fonseca)