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Produtores rurais argentinos olham segundo turno com dúvida e desconfiança

23/10/2023 19h44

Por Maximilian Heath

BUENOS AIRES (Reuters) - Os produtores rurais argentinos, que estão entre os maiores do mundo nos setores de soja, milho, trigo e carne, possuem visões rígidas em relação aos finalistas de eleição presidencial do país: desconfiança e desconfiança.

O primeiro turno ocorreu no domingo e, nele, o peronista e atual ministro da Economia, Sergio Massa, saiu na frente contra o libertário radical Javier Milei. Ambos propõem modelos totalmente diferentes para o país antes do segundo turno, a ser realizado no dia 19 de novembro.

A candidata mais próxima dos empresários, Patricia Bullrich, ficou na terceira colocação e foi eliminada.

Horacio Deciancio, produtor da cidade de San Vicente, na província de Buenos Aires, afirmou que seus colegas depositam poucas esperanças em Massa ou no governo, embora haja a possibilidade de ocorrer um corte nos impostos sobre a exportação de grãos, uma importante demanda do grupo.

“Temos uma total desconfiança nele”, afirmou Deciancio.

Massa comanda uma economia que passa pela pior crise em duas décadas, com reservas negativas e inflação em três dígitos. Já Milei, um “outsider” sem experiência no governo, está prometendo um plano de “serra elétrica” para o status quo econômico e político.

“(Milei) não tem experiência em gestão, não sabemos para onde ele vai, e ele também tem um caráter meio imprevisível”, afirmou Deciancio, acrescentando que o candidato é uma entidade “desconhecida”, apesar das suas promessas para desregular a economia e baixar os impostos.

Sara Gardiol, presidente da Confederação das Associações Rurais da província de Santa Fé, afirmou que as frases de ambos parecem ser vazias. “Precisamos de ações concretas. Não vejo nada de concreto ou claro em qualquer um deles”, disse.

Ao mesmo tempo, o presidente da Federação Agrária Argentina (FAA), Carlos Achetoni, optou por uma avaliação mais otimista, apesar do complexo ambiente econômico mais amplo que foi agravado por uma recente seca.

“É um momento muito difícil para a Argentina, mas situações críticas também podem oferecer oportunidades”, disse ele.

“Espero que esta oportunidade nos permita recalibrar as coisas, conversar com os diferentes atores, mas também garantir que as coisas sejam claras e concretas.”

(Reportagem de Maximilian Heath)

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