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Jornal francês classifica de "complexo" projeto de moeda única entre Brasil e Argentina

25/01/2023 11h22

O jornal francês Le Figaro desta quarta-feira (25) publica uma matéria sobre o projeto de moeda comum entre Brasil e Argentina, o "sur". O objetivo seria rivalizar com o dólar, explica o diário, que classifica a ideia de "complexa".

O jornal francês Le Figaro desta quarta-feira (25) publica uma matéria sobre o projeto de moeda comum entre Brasil e Argentina, o "sur". O objetivo seria rivalizar com o dólar, explica o diário, que classifica a ideia de "complexa".

Le Figaro afirma que o projeto, liderado pelos presidentes Lula e Alberto Fernández, tem "uma dupla vocação": econômica e política. A ideia do "sur" já havia sido cogitada há mais de um ano pelo petista Fernando Haddad, hoje ministro da Justiça, e foi oficialmente lançada na primeira viagem internacional deste terceiro mandato de Lula, a Buenos Aires, nesta semana. 

A moeda em comum entre o Brasil e a Argentina viria para reforçar o comércio intrarregional e reduzir a dependência do dólar americano, reitera Le Figaro. No entanto, para sair do papel, o jornal acredita que há vários obstáculos a serem vencidos antes da entrada em funcionamento do "sur", como questões fiscais e o papel dos bancos centrais de cada país.

A matéria precisa que nem o real, nem o peso serão extintos: a moeda única serviria para o comércio internacional e alguns fluxos financeiros, com uma taxa de câmbio fixa. No entanto, os especialistas entrevistados pelo jornal são céticos sobre o sucesso do projeto. Ex-chefe economista do FMI, o francês Olivier Blanchard afirma que a ideia não é "sensata". Já para Éric Dor, diretor de estudos econômicos da escola de gestão Ieseg, em Paris, o "sur" não prosperaria devido "à falta de sincronização dos ciclos econômicos da Argentina e do Brasil". 

No âmbito comercial, também existem assimetrias que podem comprometer o bom funcionamento do "sur", apontam os especialistas ouvidos pelo Le Figaro. O Brasil é crucial para a economia argentina, sendo o maior fornecedor do vizinho - o que não ocorre no sentido contrário. A Argentina ocupa o quarto lugar entre os principais fornecedores do Brasil, representando apenas 5% das importações do país. 

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