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Governo Lula dispensa 43 servidores na Funai; ao menos 13 são militares

Sede da Funai em Brasília; órgão sofreu mudanças após tragédia yanomami - Mário Vilela/Funai/Divulgação
Sede da Funai em Brasília; órgão sofreu mudanças após tragédia yanomami Imagem: Mário Vilela/Funai/Divulgação
do UOL

Do UOL, em São Paulo

24/01/2023 07h58Atualizada em 27/01/2023 07h20

O governo Lula promoveu mudanças em vários cargos da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas). Em edição extra do Diário Oficial ontem (23) foram publicadas 38 exonerações e cinco dispensas; ocorreu também uma nomeação no órgão.

Há pelo menos 13 militares entre os demitidos. As mudanças foram assinadas pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa, e ocorreram após decretação de emergência no território yanomami, embora algumas delas não tenham relação com o caso.

A lista de baixas inclui:

  • 22 coordenadores regionais;
  • 15 coordenadores de setores;
  • 3 assessores e o chefe de gabinete da presidência do órgão;
  • o diretor do Museu do Índio;
  • o corregedor da Funai.

A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, disse que a pasta começou a desfazer a "militarização" da Funai. Segundo ela, os demitidos "vinham tomando ações contrárias à missão de assegurar os direitos dos povos indígenas".

Na manhã de ontem, o governo já havia publicado a exoneração de 11 coordenadores de saúde indígena.

Portanto, ao menos 54 servidores deixaram seus cargos ligados à saúde e à assistência aos povos indígenas do país entre ontem e hoje.

Lula visitou povo e criticou Bolsonaro

No final de semana, Lula visitou a população yanomami em Roraima e criticou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por priorizar as motociatas e ter "abandonado" o povo indígena, assolado por garimpo ilegal, fome, desnutrição e morte.

Mais de 500 crianças yanomamis morreram por contaminação por mercúrio, desnutrição e fome, "devido ao impacto das atividades de garimpo ilegal na região", segundo o Ministério dos Povos Indígenas.

Conforme mostrou o colunista do UOL Carlos Madeiro, a invasão da Terra Yanomami por garimpeiros ilegais ao longo dos últimos anos provocou ocupação e fechamento de postos de saúde e um caso suspeito de estupro, entre outros crimes.

O governo Bolsonaro escreveu cartas para as entidades internacionais dando garantias de que os yanomamis estavam sendo atendidos e que programas específicos sobre a saúde do grupo tinham sido implementados. O relato do governo, no entanto, contrasta com as imagens que circularam o mundo, mostrou o colunista do UOL Jamil Chade.

O que mudou na Funai?

Quem foi exonerado:

  • Tatiana Marques Garcia (coordenadora regional de Campo Grande - MS);
  • Valdir Roloff (coordenador regional de Dourados - MS);
  • Jose Patta Moreira (coordenador regional de Ponta Porã - MS);
  • Alvaro Luis de Carvalho Peres (coordenador regional de Xavante - MT);
  • Enoque da Silva Sampaio (coordenador regional do Norte de Mato Grosso - MT);
  • Jose Ciro Monteiro Junior (coordenador regional de Alto Purus - AC);
  • Fernando Queiroz de Freitas (coordenador regional do Médio Purus - AM);
  • Francisco de Souza Castro (coordenador regional de Manaus - AM);
  • Feliciano Borges Neto (coordenador regional do Rio Negro - AM);
  • Jorge Gerson Baruf (coordenador regional do Alto Solimões - AM);
  • Ilton Lima da Silva (coordenador regional do Amapá e Norte do Pará - AP);
  • Martim Correia de Freitas (coordenador regional do Tapajós - PA);
  • Adalberto da Conceição Oliveira Bezerra (coordenador regional do Baixo Tocantins - PA);
  • Raimundo Pereira dos Santos Neto (coordenador regional do Kayapó Sul do Pará - PA);
  • Sidcley José Sotele (coordenador regional de Cacoal - RO);
  • Saulo Roberto Franco Santarém (coordenador regional de Guajará-Mirim - RO);
  • Osmar Gomes de Lima (coordenador regional do Araguaia Tocantins - TO);
  • Márcio José Neri Donato (coordenador regional do Nordeste I - AL);
  • Francisco Emanoel Cunha Sousa (coordenador regional do Nordeste II - CE);
  • Clotário de Paiva Gadelha Terceiro Neto (coordenador regional de João Pessoa - PB);
  • Gilberto da Silva Faria (coordenador regional do Litoral Sudeste - SP);
  • Elton Henrique de Sá Magalhães (coordenador da Frente de Proteção Etnoambiental - Awá - MA);
  • Roldan Jara de Alencar (coordenador de delimitação e análise);
  • Elaine Cristina Vaz Quintella Garcia de Oliveira (coordenadora de geração de renda);
  • Wilde Ferraz Fernandes Junior (coordenador de projetos demonstrativos, monitoramento e avaliação);
  • Josiane de Souza Dourado (coordenadora de produção sustentável);
  • Josiana Zanotelli dos Santos (coordenadora de ações de mitigação, compensação e controle ambiental);
  • Matheus de Almeida Roberto (chefe de gabinete da Funai);
  • Alexandre Rocha dos Santos (assessor do presidente da Funai);
  • Sanuse Martins De Queiroz (assessora do presidente da Funai);
  • Inoilson Queiroz (assessor do presidente da Funai);
  • Mauricio Ricardo Anjo Teixeira Pires (coordenador-geral de identificação e delimitação);
  • Geovanio Oitaia Pantoja (coordenador-geral de índios isolados e de recente contato);
  • Alcir Amaral Teixeira (coordenador-geral de monitoramento territorial);
  • Natalia Chaves Dias (coordenadora-geral de promoção dos direitos sociais);
  • Claudia Cristina Azevedo Ramos (coordenadora-geral de recursos logísticos);
  • Giovani Souza Filgo (diretor do Museu do Índio);
  • Denis Raimundo de Quadros Soares (coordenador-geral de promoção ao etnodesenvolvimento).

Quem foi dispensado:

  • Leonardo Queiroz da Silva (coordenador-geral de assuntos fundiários);
  • Paula Cristina de Lima Neto Santana (coordenadora-geral de gestão ambiental);
  • Camilla Rodrigues Marques (coordenadora-geral de gestão estratégica);
  • Aurisan Souza de Santana (corregedor da Funai);
  • José Henrique de Faria Rosa (coordenador de demarcação).

Quem foi nomeado:

  • Lucia Alberta Andrade de Oliveira (diretora de promoção ao desenvolvimento sustentável).

Em contato com o UOL, Clotário de Paiva Gadelha Terceiro Neto, Wilde Ferraz Fernandes Júnior, José Patta Moreira e Alvaro Luis de Carvalho Peres disseram que suas exonerações não têm relação com a questão dos yanomamis.

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