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Movimentos republicanos ganham força no Caribe após morte da rainha

Premiê de Antígua e Barbuda, Gaston Browne, assina livro de condolências pela morte da rainha Elizabeth 2ª - David Parry/Pool via AFP
Premiê de Antígua e Barbuda, Gaston Browne, assina livro de condolências pela morte da rainha Elizabeth 2ª Imagem: David Parry/Pool via AFP

19/09/2022 11h37

Um pano preto cobre o retrato da rainha Elizabeth II que está pendurado no Parlamento de Antígua, um sinal de luto na ilha e um símbolo involuntário de um possível futuro sem a monarquia britânica no Caribe.

A morte da rainha alimentou movimentos republicanos em uma região outrora dominada pelo império britânico, dizem analistas, à medida que continuam os pedidos para que a coroa se desculpe pelo tráfico de escravizados e pelos pecados da colonização.

A ideia "entrou no discurso dominante do 'senso comum' à medida que um espectro mais amplo da sociedade se envolve com os problemas e se pergunta se a monarquia já fez algo por nós", afirma Kate Quinn, professora associada de história do Caribe na University College London.

A morte de Elizabeth II "e a ascensão de Charles deram um impulso maior ao debate sobre o (republicanismo) na região", acrescentou.

Antígua e Barbuda foi o primeiro país a apresentar planos para se tornar uma república após a morte da rainha. O primeiro-ministro Gaston Browne disse à mídia que espera realizar um referendo sobre o assunto dentro de três anos.

Seu homólogo das Bahamas, Phillip Davis, afirmou ter esperanças semelhantes, embora não tenha fornecido um cronograma.

"Para mim, está sempre na mesa", disse Davis em comentários publicados pelo jornal local Nassau Guardian um dia após a morte da rainha. "Terei que fazer um referendo e o povo das Bahamas terá que me dizer 'sim'."

A Jamaica também considera virar a página, uma ideia que o primeiro-ministro Andrew Holness deu ao príncipe William durante uma viagem pelo Caribe no início deste ano.

As ilhas caribenhas estão seguindo o caminho traçado por Barbados, antes conhecido como "Pequena Inglaterra", mas cujo Partido Trabalhista no ano passado usou sua maioria para aprovar uma emenda constitucional que removeu a rainha do cargo de chefe de Estado.

"Uma decisão do povo"

A realeza moderna aludiu ao que o rei Charles chamou de "atrocidade terrível" da escravidão, "que mancha para sempre a nossa história".

Na Jamaica, o príncipe William repetiu as palavras de seu pai, expressando seu "profundo arrependimento" e chamando a escravidão de "abominável". "Isso nunca deveria ter acontecido", disse ele. Mas até agora, nenhum pedido formal de desculpas foi feito.

O viés republicano parece ser mais forte nas nações caribenhas que se tornaram independentes do Reino Unido.

Para aqueles que permanecem territórios ultramarinos - as Ilhas Cayman, as Ilhas Virgens Britânicas, Anguilla, as Ilhas Turcas e Caicos, Montserrat e, mais ao norte, Bermudas - há poucos sinais de que a morte da rainha Elizabeth II levará à busca da independência, diz Quinn.

É uma decisão que "deve ser tomada pelo povo, não pelos políticos", disse à AFP o ex-primeiro-ministro das Bermudas, Sir John Swan, que renunciou ao cargo de líder de seu partido depois que a ilha rejeitou a independência por maioria em um referendo de 1995.

"O mundo agora está em um estágio muito instável", disse ele, referindo-se à pandemia, aquecimento global, inflação e conflitos como a guerra na Ucrânia. "Cada país tem que decidir não tanto como eles foram tratados no passado (...) mas como enfrentar a realidade de como as coisas são hoje".

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