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Kosovo adia mudança em lei para tentar atenuar crise com Sérvia

01/08/2022 18h04

ROMA, 1 AGO (ANSA) - O governo do Kosovo adiou até o dia 1º de setembro a implementação de uma nova legislação que obrigava os moradores das regiões no norte a usarem documentos nacionais de identificação pessoal e de seus veículos.   

O adiamento anunciado nesta segunda-feira (1º) veio após inúmeras estradas da área serem bloqueadas por caminhoneiros em protestos que deixaram feridos neste domingo (31).   

Apesar de serem minoria no Kosovo, os cidadãos de etnia sérvia são maioria no norte e se negam a usar documentos nacionais. Por conta disso, o premiê kosovar, Albin Kurti, acusa o presidente da Sérvia, Aleksandar Vucic, de estar por trás das manifestações.   

"Nós combinamos nos reunir em Bruxelas, em julho, mas o presidente Vucic adiou a reunião só para o final de agosto.   

Provavelmente, ele estava ocupado preparando os incidentes de ontem à noite", disse em nota Kurti.   

Porém, a União Europeia celebrou o adiamento e disse que ele será fundamental para que as conversas de paz entre os dois lados sejam realizadas de maneira adequada.   

"É bem-vinda a decisão do Kosovo de adiar as medidas para 1º de setembro. Agora, esperamos que todos os bloqueios nas estradas sejam removidos. As questões em aberto devem ser enfrentadas por meio de um diálogo facilitado pela UE e a atenção deve ser sobre a normalização total das relações entre Kosovo e Sérvia, essenciais para os seus percursos de integração na UE", afirmou o alto representante para a Política Externa, Josep Borrell.   

Vucic, por sua vez, se manifestou por meio de uma entrevista à agência russa Tass e disse que espera "ter boas notícias" em breve sobre as negociações. Moscou é o principal aliado do governo sérvio e acusa os kosovares de causarem a crise.   

"Espero que tenhamos a redução da violência - se não hoje, amanhã - e que tenhamos tempo de nos preparar para a conversa e procurar um compromisso para a manutenção da paz", disse ainda.   

Já o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, foi mais incisivo e disse que "todos os direitos dos sérvios devem ser respeitados", acusando os ocidentais de estarem por trás do conflito.   

"Os países ocidentais, que reconheceram a independência do Kosovo, devem advertir as autoridades da república de não dar passos desproporcionais, enquanto os direitos dos sérvios que moram ali devem ser respeitados. Acreditamos que os países que reconheceram o Kosovo e se tornaram garantidores devem exercitar toda a sua influência para levar a uma desescalada", afirmou ainda Peskov.   

Na madrugada desta segunda-feira, a força internacional de intervenção das Nações Unidas (KFOR), liderada por militares da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), emitiu uma nota em que afirma "controlar de maneira próxima" a situação e "estar pronta para intervir se a estabilidade for colocada em perigo".   

A KFOR informou estar em contato com as autoridades de Pristina e de Belgrado e reforçou o pedido por diálogo, mas disse que "adotará qualquer medida que seja necessária para manter a estabilidade". A nota foi assinada pelo comandante do grupo, o general húngaro Ferenc Kajari.   

A força internacional tem cerca de 3,5 mil militares e está no Kosovo desde o fim da guerra de 1999. Ela foi criada com base na resolução 1244 do Conselho de Segurança da ONU para evitar novos conflitos bélicos na região da fronteira.   

Localizado nos Balcãs, o Kosovo não tem sua independência reconhecida de maneira unânime - China e Rússia, por exemplo, não o reconhecem. Mas, a nação faz parte da ONU desde 2008, além de diversas organizações internacionais. (ANSA).   

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