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Em fuga, presidente do Sri Lanka envia renúncia por e-mail

14/07/2022 20h24

Em fuga, presidente do Sri Lanka envia renúncia por e-mail - Gotabaya Rajapaksa fugiu para Singapura, de onde comunicou oficialmente que deseja deixar o cargo após semanas de pressão popular. Singapura afirma que não concedeu asilo ao político.O presidente do Sri Lanka, Gotabaya Rajapaksa, enviou um pedido de renúncia nesta quinta-feira (14/07) logo após desembarcar em Singapura, um dia depois de fugir de seu país,atolado em uma grave crise política e econômica com enormes manifestações contra o governo e até a invasão da residência presidencial.

Rajapaksa enviou a renúncia por e-mail ao presidente do Parlamento. A carta de demissão foi reencaminhada para a Procuradoria-Geral do país para examinar os aspetos legais antes de ser formalmente aceita. Um comunicado oficial sobre se o pedido foi acatado deve ser divulgado nesta sexta-feira.

À medida que a notícia do pedido de renúncia se espalhou pelo Sri Lanka, multidões se reuniram perto do escritório do presidente para comemorar. Dezenas de pessoas dançaram, aplaudiram e agitaram bandeiras do Sri Lanka.

Rajapaksa, que na quarta-feira voou em um avião das Forças Armadas para o arquipélago das Maldivas, chegou à Singapura em um voo saudita.

O Ministério das Relações Exteriores de Singapura indicou que se trata de uma visita particular, de acordo com o jornal Strait Times.

"Ele não pediu asilo e nem lhe foi concedido qualquer asilo. Singapura geralmente não concede pedidos de asilo", disse um porta-voz da pasta, segundo o jornal.

Especula-se que Rajapaksa tenha esperado até estar fora do Sri Lanka para renunciar, pois, fazendo isso, perde a imunidade que o cargo lhe garante e pode ser preso em seu país.



Polícia de Singapura alerta contra protestos

Não está claro quanto tempo Rajapaksa ficará em Singapura ou se seguirá posteriormente para um novo destino, com relatos apontando para a Arábia Saudita como um possível itinerário.

A polícia de Singapura emitiu um comunicado pedindo que "o povo de Singapura, residentes, estrangeiros e visitantes obedeçam às leis locais".

"Ações serão tomadas contra todos aqueles que participarem de protestos públicos ilegais", diz a nota.

Singapura, sob regime semiautoritário, só permite manifestações em determinado local da ilha, de forma controlada e com autorização prévia.

Cerca de 5% dos 5,7 milhões de habitantes da cidade-estado asiática são de etnia tâmil, alguns com origem no Sri Lanka.

Revolta e pressão para renúncia

Rajapaksa, um militar reformado, foi acusado de permitir a morte de milhares de tâmeis durante a guerra civil, que terminou em 2009 depois de devastar o país por três décadas.

Após se retirar do Exército e morar no exterior por vários anos, ele retornou ao Sri Lanka em 2005 e assumiu o comando da Secretaria de Defesa durante os dez anos em que seu irmão mais velho, Mahinda Rajapaksa, liderou o país.

Ambos os irmãos foram acusados de violações de direitos humanos, especialmente após a sangrenta ofensiva liderada por Gotabaya Rajapaksa que encerrou a guerra civil.

O primeiro-ministro do Sri Lanka, Ranil Wickremesinghe, assumiu a liderança do país interinamente, impôs o estado de emergência e reforçou os poderes dos militares e da polícia.

Ocupação de prédios

Nos últimos dias, manifestantes ocuparam vários edifícios governamentais do Sri Lanka, exigindo a demissão dos principais líderes políticos, acusando Rajapaksa e a sua poderosa família de ter desviado dinheiro dos cofres do Estado durante anos e de acelerar o colapso do país administrando mal a economia.

A família negou as acusações de corrupção, mas Rajapaksa reconheceu que algumas de suas políticas contribuíram para o colapso.

Vários meses de protestos atingiram o pico no fim de semana, quando muitos manifestantes invadiram a casa e o gabinete do presidente e a residência oficial do primeiro-ministro.

Na terça-feira, os manifestantes invadiram o gabinete do primeiro-ministro, depois de ele ter sido nomeado chefe de Estado interino pelo presidente já em fuga. Apesar das forças de segurança, que usaram gás lacrimogêneo e canhões de água, a multidão entrou no edifício.

A nomeação de Wickremesinghe como presidente interino foi comunicada ao país pelo presidente do Parlamento, Mahinda Yapa Abeywardana.

"Devido à sua ausência do país, o presidente Rajapaksa disse-me que nomeou o primeiro-ministro para agir como presidente, de acordo com a Constituição", anunciou Abeywardana num breve discurso televisivo.

Além das instalações do primeiro-ministro, outros manifestantes invadiram a principal estação de televisão estatal, a Rupavahini, e interromperam a programação normal, que foi substituída por outros programas gravados.

le (Lusa, EFE, AFP)

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