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Representante da ONU diz que segurança deve ser prioridade na Colômbia

20/07/2021 21h46

Madri, 20 jul (EFE).- O enviado especial das Nações Unidas para a Colômbia, Carlos Ruiz Massieu, reconhece que este país ainda tem muitos desafios em termos de segurança e pede ao governo que implemente rapidamente a proteção individual dos ex-guerrilheiros e o sistema de alerta precoce para evitar seus assassinatos.

"Ainda há muitas ameaças, muitas mortes", disse Ruiz Massieu, nesta terça-feira, durante tribuna organizada pela Agência Efe e a Casa de América, em Madri, e insistiu que "se não se pode proteger a segurança de ex-combatentes, os processos que se seguem já não são tão relevantes".

Ruiz Massieu, chefe da Missão para a Verificação dos Acordos de Paz na Colômbia, denunciou que, desde sua assinatura em 2016, quase 280 ex-combatentes foram assassinados, além de líderes sociais e comunitários nos departamentos afetados pelo conflito, e 60 a 70% dos casos estão concentrados em 25 municípios desses territórios. "Esses números têm que mudar", concluiu.

Por isso, para as Nações Unidas, a segurança é a "principal prioridade" e, neste sentido, embora reconheça os esforços do governo do presidente Iván Duque, pede "medidas mais eficazes", "para avançar mais rapidamente" na proteção individual dos ameaçados e que o sistema de alerta precoce "funcione mais solidamente".

Como pontos positivos, apontou o crescente reconhecimento das vítimas e a aplicação da Jurisdição Especial para a Paz (JEP) e, como exemplo, citou a resposta do ex-comando daquele grupo guerrilheiro à decisão da JEP sobre o apreensão de reféns, que ele descreveu como "histórica".

"Para um ex-guerrilheiro aceitar e reconhecer ter cometido crimes de guerra, crimes contra a humanidade, é algo praticamente sem precedentes em um processo de paz", declarou, durante seu discurso na tribuna, e considerou "um passo fundamental para começar a curar feridas".

Como questões pendentes, o enviado especial do Secretário-Geral da ONU citou a presença limitada do Estado nas áreas onde as FARC tiveram impacto e que grupos armados e criminosos aproveitaram para assumir o controle.

"Esse é um dos maiores desafios e onde esperamos que sejam feitos os maiores esforços", disse o diplomata mexicano, que trabalha na Colômbia desde 2018.

Como conhecedor do país, foi chamado, juntamente com a Igreja, a facilitar o diálogo entre o governo e o Comitê Nacional de Greve (principal organizador das manifestações), após os protestos sociais dos últimos meses, que por vezes levaram à violência.

Ruiz Massieu reconhece que um dos desafios que o governo colombiano enfrenta é "proteger os direitos dos manifestantes que protestam pacificamente, mas, ao mesmo tempo, não permitir perturbações da ordem pública, e às vezes essa mistura é difícil de lidar".

Durante essas manifestações, que começaram em 28 de abril para protestar contra uma reforma tributária que foi finalmente retirada, e que durou até meados de junho, segundo organizações de direitos humanos, houve cerca de 74 mortes, pelo menos 20 delas por tiros da polícia, enquanto o governo associa 25 mortes aos protestos.

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