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Argentina aumenta restrições para compra de dólares por meio de títulos

13/07/2021 03h13

Buenos Aires, 12 jul (EFE).- A Argentina iniciou nesta segunda-feira novas restrições ao acesso ao dólar americano através de mecanismos financeiros mais sofisticados, uma medida que tenta evitar novas escaladas no preço da moeda americana no mercado doméstico.

As medidas foram adotadas pela Comissão Nacional de Valores (CNV, órgão regulador dos mercados na Argentina) e pelo Banco Central e afetam as operações de compra e venda de títulos e ações públicas cujo objetivo final é obter dólares americanos.

Após a aplicação das novas restrições, os preços dos chamados "dólares financeiros" caíram ligeiramente nesta segunda-feira.

O chamado "dinheiro com liquidação" (CCL, que consiste em comprar localmente, com peso argentino, ações ou títulos e vendê-los em dólar em Wall Street) caiu 0,3% para 166,69 pesos por unidade, depois de atingir na última quinta-feira 167,26 pesos por unidade, seu valor mais alto neste ano.

Enquanto isso, o "dólar bolsa" ou "dólar MEP" - obtido através da compra de ativos que são cotados tanto em pesos como em dólares, comprados em peso e vendidos em dólar - caiu 0,4%, para 165,71 pesos por unidade, depois de alcançar na semana passada a marca de 166,45 por unidade, seu valor mais alto até agora em 2021.

O CNV disse nesta segunda-feira em comunicado que as novas medidas visam "conter riscos sistêmicos e proporcionar estabilidade de preços na negociação de títulos negociáveis, dentro da estrutura da política econômica atual".

Analistas de mercado interpretaram as novas restrições como uma tentativa das autoridades argentinas de evitar maiores pressões cambiais antes das eleições primárias de setembro e das eleições legislativas de novembro, eventos em que a demanda de dólares para hedging tende a crescer no país sul-americano.

Eles também projetaram uma menor entrada de moeda estrangeira para o país através de exportações, o que limitaria o poder do Banco Central de intervir no mercado de câmbio.

"O endurecimento das restrições cambiais responde aos riscos de uma maior pressão sobre a taxa de câmbio nos próximos meses. A demanda por hedging está crescendo antes das eleições e em meio à piora das expectativas em relação às condições econômicas no futuro", disse a consultora de investimentos Portfolio Personal Investments (PPI) em um relatório.

Ainda de acordo com a PPI, estas medidas pretendem em particular manter sob controle a diferença entre o dólar financeiro e a cotação da moeda no mercado oficial de atacado, onde a moeda fechou na segunda-feira cotada a 96,09 pesos por unidade.

Esta lacuna cambial afeta as expectativas e a tomada de decisões dos diferentes agentes da economia.

O comportamento destas cotações também influencia outros mercados de câmbio, como o mercado informal de varejo, onde o dólar saltou 5 pesos nesta segunda-feira, para 179 pesos por unidade, seu valor mais alto desde outubro de 2020.

A diferença também é alta entre o preço do dólar no mercado informal e seu valor em casas de câmbio e bancos, onde a venda ao público também tem fortes restrições.

O dólar no Banco Nacional, administrado pelo Estado argentino, fechou na segunda-feira sem variação, a 101 pesos por unidade.

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