Manifestantes protestam contra ação que deixou 25 mortos no Jacarezinho
Marcela Lemos
Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro
07/05/2021 09h38Atualizada em 07/05/2021 10h03
Um grupo de manifestantes realiza um protesto na manhã de hoje nos acessos à comunidade do Jacarezinho, na zona norte do Rio, onde 25 pessoas morreram ontem durante uma operação da Polícia Civil.
O grupo ocupa também o acesso à Cidade da Polícia, que fica na mesma região da comunidade. Uma faixa da Avenida Dom Hélder Câmara foi bloqueada.
Manifestantes carregam um pano preto com a mensagem: "Justiça para Jacarezinho. Fim do massacre nas favelas". Outra mensagem diz: "Não vamos esquecer". Um desenho de 24 cruzes acompanha o texto. "Parem de nos matar", diz outra mensagem.
Até o momento, a manifestação ocorre de forma pacífica. A PM acompanha o protesto e reforça, desde cedo, o patrulhamento nos acessos à comunidade.
Operação no Jacarezinho (RJ) deixa dezenas de mortos
Houve intenso confronto na região. Dois homens chegaram a ficar feridos dentro de uma composição do metrô que cruzava a favela no momento da troca de tiros.
A ação de ontem na favela foi a mais letal da história do Rio e ocorreu após o STF (Supremo Tribunal Federal) restringir operações durante a pandemia e a menos de uma semana da posse definitiva do governador Cláudio Castro (PSC) depois do impeachment de Wilson Witzel. Vinte e quatro pessoas que, segundo a polícia, seriam suspeitas, morreram na ação, além de um policial militar, morto com um tiro na cabeça.
O Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos criticou a violência na comunidade e pediu que investigações imparciais sejam abertas. "Estamos profundamente perturbados pelas mortes de 25 pessoas numa operação policial", disse Ruppert Colville, porta-voz da ONU, numa coletiva de imprensa em Genebra que ocorreu hoje. Segundo ele, tal caso confirma a tendência de uso excessivo de força por parte dos agentes policiais, cita "problemas sistêmicos" e diz que algo "claramente está errado". Para o porta-voz, o modelo de policiamento de favelas precisa ser repensado pelo país e um debate deve ser aberto.