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Eleição de Bolsonaro foi 'subproduto da atuação da Lava Jato', diz Maia

do UOL

Leonardo Martins, Lucas Borges Teixeira e Stella Borges

Colaboração para o UOL, em São Paulo, e do UOL, em São Paulo

23/02/2021 12h14

Ex-presidente da Câmara, o deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ) avaliou hoje que a eleição do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em 2018 foi um "subproduto" da atuação da Operação Lava Jato.

"A Lava Jato foi o partido político construído que trabalhou para gerar uma criminalização do Supremo, do STJ [Superior Tribunal de Justiça] e do Congresso Nacional para que pudessem assumir o poder", disse ele no UOL Entrevista, conduzido pelo colunista Kennedy Alencar. "Acho que o Bolsonaro foi subproduto deles."

Na entrevista, Maia defendeu sua gestão à da Câmara, criticou a atuação do governo na vacinação e voltou a cutucar o ministro da Economia, Paulo Guedes. Ao comentar sobre futuro, disse ainda que deverá se formar uma frente contra Bolsonaro em 2022.

Na avaliação do ex-presidente da Câmara, o ex-juiz Sergio Moro colaborou para a eleição do mandatário, mas a decisão de aceitar ser ministro do governo foi "muito ruim" para a carreira dele.

"Ele era muito mais respeitado do que é hoje, ele não pode ser juiz de uma causa e depois trabalhar com quem ele beneficiou, porque, em tese, o beneficio dele não era pessoal, era um respeito à lei brasileira, na qual, em tese, o Lula estava cometendo um ilícito na decisão dele", disse.

Apesar disso, Maia disse ver Moro como um candidato forte para disputar as eleições presidenciais em 2022 e sua candidatura ser boa para seu grupo, pois "tira mais voto do bolsonarismo do que tira da centro-direita e da esquerda".

A gente não precisa do todos contra Bolsonaro, parece que ele é tão forte assim e não é [...] Você está vendo que o Bolsonaro sobreviveu com o auxílio [emergencial] que nós criamos. Não apenas o valor como demos as condições para burocracia executar a PEC de guerra. O Bolsonaro, sem auxílio, estamos vendo aí, vai cair.
Rodrigo Maia, ex-presidente da Câmara

Para ele, a facada que Bolsonaro levou ainda durante a campanha eleitoral "abriu a tampa da avaliação positiva", o que acabou gerando o que chamou de "efeito de voto útil".

"Bolsonaro tinha 25% em 2018, era um candidato para chegar a 18%, 20% no máximo. A facada abriu a tampa da avaliação positiva e isso acabou gerando um efeito de voto útil, da facada para frente, junto com crescimento do [Fernando] Haddad [PT] logo em seguida. Ele levou a facada dia 6 [de setembro de 2018], o Haddad cresce para 16% no dia 11 e aí dá um pânico na classe média, que estava um pouco [votando] no Geraldo [Alckmin, PSDB], e foi todo mundo", opinou.

Por isso, ele diz ser preciso união. "Se esse campo [de centro] se pulverizar demais, vão dar os extremos e esses extremos vão favorecer a eleição do presidente Bolsonaro", pregou.

Hoje, votaria no Haddad

Sobre seu voto naquele ano, Maia disse ter votado em Bolsonaro no segundo turno por causa da agenda econômica apresentada pelo então candidato, mas que, numa eventual repetição de segundo turno entre Haddad e Bolsonaro, faria diferente.

"Com certeza [votaria em Haddad], não tenho dúvida nenhuma, porque hoje, [mesmo] com todas as divergências econômicas minhas e do PT, eu sei que o governo do Haddad seria um governo democrático", afirmou.

O deputado citou o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), o apresentador Luciano Huck, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta e o candidato a presidente da República nas eleições de 2018 Ciro Gomes (PDT) como "grandes nomes" para enfrentar Bolsonaro.

"Acho que o grande projeto no nosso campo é que os postulantes entendam que desse processo deveria ter uma regra para que até o final do ano a gente pudesse ter um candidato para presidente da República. E que todos compreendessem que o projeto para presidente não é projeto pessoal nem de A, B ou C, é um projeto que represente um país diferente daquilo que foi construído, que melhorou muito ao longo dos últimos 30 anos, mas que, olhando a estrutura do Estado, favoreceu demais as corporações do setor público e do setor privado."

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