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UE lamenta falta de clareza da AstraZeneca, mas vê "tom construtivo"

28/01/2021 00h25

Bruxelas, 27 jan (EFE).- A Comissão Europeia, órgão executivo da União Europeia (CE), lamentou nesta quarta-feira o que definiu como "falta de clareza" da farmacêutica AstraZeneca - que produz uma vacina contra a covid-19 em conjunto com a Universidade de Oxford - quanto ao cronograma previsto para a entrega dos imunizantes aos países do bloco, mas disse ter percebido um "tom construtivo" em uma reunião com a empresa.

No encontro, de quase três horas de duração, as partes tentaram resolver a controvérsia surgida na última sexta-feira, quando a AstraZeneca anunciou que iria reduzir o número de doses que havia pactuado com a UE.

"Tom construtivo no debate com o CEO Pascal Soriot, da @AstraZeneca, em nosso Conselho Diretor de Vacinas sobre a entrega das vacinas deles após aprovação. A UE permanece unida e firme. As obrigações contratuais devem ser cumpridas, as vacinas devem ser entregues aos cidadãos da UE", disse no Twitter a comissária de Saúde da UE, Stella Kyriakides.

"Lamentamos a contínua falta de clareza no cronograma de entrega e solicitamos um plano claro da AstraZeneca para a entrega rápida da quantidade de vacinas que reservamos para o primeiro trimestre. Trabalharemos com a empresa para encontrar soluções e fornecer vacinas rapidamente para os cidadãos da UE", acrescentou Kyriakides em outro tweet.

A reunião foi precedida de uma entrevista coletiva de Kyriakides, na qual ela disse exigir que o laboratório cumpra suas obrigações contratuais por motivos morais e legais e pediu que sejam entregues à UE doses da vacina das duas fábricas da AstraZeneca no Reino Unido, como previsto em contrato, juntamente com as de Bélgica e Holanda.

"Estamos em uma pandemia. Perdemos pessoas todos os dias. Não são números, são pessoas", disse a comissária, ressaltando que a UE investiu 336 milhões de euros na vacina da farmacêutica, embora ainda não tenha desembolsado todo o dinheiro.

Kyriakides também explicou que o contrato com a AstraZeneca contém cláusulas de "risco de produção", segundo as quais a empresa deveria ter produzido uma certa quantidade para distribuição assim que recebesse autorização para comercializar a vacina na UE.

Ontem, o CEO da farmacêutica, Pascal Soriot, culpou uma menor produtividade nas fábricas de Bélgica e Holanda pelo atraso. Ele também afirmou que o Reino Unido - onde fica a Universidade de Oxford, que ajudou a AstraZeneca a desenvolver a vacina, - assinou o contrato três meses antes de o órgão executivo da UE, o que gerou hoje uma resposta de Kyriakides.

"Nosso contrato não especifica que um país ou o Reino Unido tem prioridade porque assinou antes", disse a comissária, que também destacou que o acordo não prevê uma hierarquia entre as fábricas da empresa, de modo que, se houver problemas em uma delas, as doses devem ser entregues a partir das outras.

Nos últimos dias, a Comissão Europeia pediu ao governo belga para inspecionar a fábrica da AstraZeneca no país, para avaliar se os problemas na falta de distribuição se devem a um problema na planta localizada na cidade de Seneffe.

De acordo com um porta-voz do Ministério da Saúde belga, a inspeção já foi realizada - com a colaboração de especialistas espanhóis, holandeses e italianos -, e o governo está aguardando o resultado.

A reunião de hoje foi a terceira entre a AstraZeneca e a UE nesta semana e ocorreu às vésperas de a Agência Europeia de Medicamentos anunciar se recomendará a comercialização da vacina da farmacêutica na UE.

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