Hipótese de terceiro lockdown na França aumenta descrédito de Macron
O presidente francês, Emmanuel Macron, reúne o conselho de defesa sanitária nesta quarta-feira (27) por uma enésima vez desde o início da pandemia do coronavírus. O governo estuda decretar um terceiro lockdown geral nos próximos, mas o custo político da medida, as implicações econômicas e o cansaço dos franceses, que faz muita gente considerar uma postura de desobediência civil às recomendações, fazem Macron pensar duas vezes antes de tomar a decisão.
O contexto sanitário atual é ambíguo: os dados apontam uma deterioração da epidemia no país, mas não exponencial. O número de pacientes hospitalizados continuou a aumentar na terça-feira (26), para 27.005, o que representa uma alta de 10% em 24 horas. Cerca de 3 mil pacientes ocupam leitos de UTI, contra 2,8 mil na semana passada.
Uma pesquisa do instituto Viva Voice publicada pelo jornal Libération mostra que 57% dos franceses não confiam em Macron para tirar a França da crise sanitária. Segundo 66% dos entrevistados, o chefe de Estado não compreenderia as preocupações da população. Para 54%, ele não tem demonstrado capacidade para lidar com o impacto social causado pelas medidas de confinamento.
Falta a Macron uma visão clara do futuro e uma estratégia definitiva contra o vírus, segundo 44% dos interrogados na sondagem. O presidente francês só é poupado em relação às medidas de apoio econômico adotadas: apenas 26% reprovam a gestão financeira da crise, ou acham que Macron é mau assessorado em suas decisões.
Queda de atividade econômica acentuada
O jornal Le Parisien informa que o governo analisa vários cenários antes de bater o martelo sobre um terceiro lockdown. Segundo três hipóteses em estudo, dependendo da opção por um confinamento leve, mediano ou estrito, a queda da atividade econômica poderia ser da ordem de -10%, -13% ou -18%, caso as escolas fossem fechadas, bem como o comércio não essencial e as refeitórios de empresas.
O toque de recolher em vigor atualmente de 18h às 6h, diariamente, e o fechamento dos cafés e restaurantes provocam uma queda de -7% da atividade econômica, segundo o Banco Central da França.
Uma reportagem do jornal Le Figaro mostra que os franceses se sentem infantilizados pela privação de liberdade e são cada vez mais numerosos a se revoltar contra o que consideram uma "ditadura sanitária".
Segundo o diário conservador, a hashtag no Twitter #eunãovoumeconfinar foi utilizada em mais de 40.000 mensagens desde a última sexta-feira (22). Às vésperas do recesso escolar de inverno, em fevereiro, muitos franceses anunciam que não cancelarão as férias, que continuarão fazendo festas clandestinas e falsificando atestados médicos e de empregadores para poderem sair à vontade.
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