Mundo fecha fronteiras e vê aumento de protestos contra toques de recolher
Paris, 25 Jan 2021 (AFP) - Vários países reforçaram, nesta segunda-feira (25), as restrições em suas fronteiras devido à incessante ameaça do coronavírus, em meio a novos protestos contra os toques de recolher, que na Holanda provocaram distúrbios.
Estados Unidos se juntou à França, Israel e Suécia para limitar certas chegadas, respondendo à preocupação com as novas cepas do vírus originadas no Reino Unido, Brasil e África do Sul.
"Temos que mostrar que somos cívicos", disse à AFP o espanhol Claudio Barraza ao chegar no principal aeroporto internacional de Paris, após a entrada em vigor de novas normas de teste para as chegadas da UE.
No México, o presidente Andrés Manuel López Obrador se tornou a figura pública mais recente a testar positivo para a doença.
Em Washington, o presidente Joe Biden voltará a impor nesta segunda-feira a proibição de entrada para a maioria dos cidadãos não americanos que tenham estado no Reino Unido, Brasil, Irlanda e grande parte da Europa, e acrescentou a África do Sul à lista, disse um alto funcionário da Casa Branca.
Biden endureceu na semana passada as normas de uso de máscaras e ordenou quarentena para as pessoas que chegarem ao país, que no domingou superou os 25 milhões de casos.
Desde que surgiu no final de 2019, a covid-19 já deixou mais de 2,1 milhões de mortes, com mais de 99 milhões de casos registrados, segundo o último balanço da AFP com base em dados oficiais.
Por região, as duas mais afetadas são Europa, com 699.965 mortes e 32.075.371 casos e América Latina e Caribe, com 573.797 mortes e 18.210.181 casos.
No domingo, a França passou a exigir um teste PCR negativo para os que chegarem por mar e ar de países vizinhos da União Europeia.
A Suécia anunciou que proibirá a entrada da vizinha Noruega por três semanas, depois que foram detectados casos da cepa britânica, mais contagiosa, em Oslo.
Na Espanha, para frear a epidemia, o governo aplica um toque de recolher noturno, restringe a mobilidade entre regiões e várias delas endureceram as medidas, como Madri, que adiantou o fechamento dos hotéis para as 21h00.
O país é um dos mais castigados da Europa, com mais de 55.000 mortos e quase 2,5 milhões de contágios.
Apesar disso, o governo anunciou que o ministro da Saúde, Salvador Illa, deixará seu cargo na terça-feira para fazer campanha como candidato nas eleições regionais da Catalunha.
- Indignação na Holanda -As medidas dos governos para conter a propagação do vírus continuam enfrentando a oposição de alguns cidadãos.
Na Holanda, os protestos contra o toque de recolher terminaram em confrontos com a polícia e saques em cidades de todo o país neste domingo, um dia depois de um centro de testes de covid-19 ser incendiado na cidade de Urk (norte).
A polícia usou canhões de água e cães em Amsterdã, informou a televisão pública NOS, depois que centenas de pessoas se reuniram para protestar contra o toque de recolher entre as 21h00 e as 04h30 horas, em vigor até 10 de fevereiro.
Ao menos 30 pessoas foram detidas em Eindhoven, onde o prefeito, John Jorritsma, disse que se o país continuar "por este caminho, acredito que nos dirigimos para a guerra civil".
Na Nova Zelândia, as autoridades confirmaram o primeiro caso comunitário de covid-19 em mais de dois meses, em uma mulher de 56 anos que acabava de voltar da Europa.
- Desafios da vacinação -Os cientistas afirmam que a única forma de superar a pandemia é a vacinação em grande escala, mas a implantação está estagnada em muitos lugares.
O Egito começou seu programa, com um médico e uma enfermeira que receberam a injeção da Sinopharm, fabricada na China.
Na Austrália, o regulador médico aprovou a vacina da Pfizer e as primeiras doses devem ser administradas no final de fevereiro, declarou o primeiro-ministro Scott Morrison nesta segunda-feira.
Em relação às repercussões econômicas a longo prazo, a ONG contra a pobreza Oxfam disse que a emergência está agravando a desigualdade.
"Em apenas nove meses, as mil maiores fortunas do mundo já recuperaram as perdas econômicas originadas pela pandemia", afirmou a organização em seu relatório anual sobre as desigualdades, mas os mais pobres precisarão de "mais de uma década para se recuperar dos impactos econômicos da crise".
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