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Família Bolsonaro lidera ranking de ataques à imprensa em 2020, segundo ONG

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) durante apresentação do Plano de Contingência para a Pessoa Idosa, em Brasília (DF) - Edu Andrade/Fatopress/Estadão Conteúdo
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) durante apresentação do Plano de Contingência para a Pessoa Idosa, em Brasília (DF) Imagem: Edu Andrade/Fatopress/Estadão Conteúdo
do UOL

Do UOL, em São Paulo

25/01/2021 11h19Atualizada em 25/01/2021 12h21

A ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF) divulgou um balanço dos ataques feitos por autoridades públicas a jornalistas e veículos de imprensa em 2020. De acordo com o estudo nomeado "Um ano sombrio para a liberdade de imprensa no Brasil", foram registrados 580 ataques no Brasil. A família Bolsonaro aparece no topo do ranking, concentrando 85% dos ataques.

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fez 103 ataques à imprensa. Já o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-RJ) realizou 208 ataques, enquanto o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) fez 89 e o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), 69 ataques.

As jornalistas mulheres foram os principais alvos de ataques pessoais. Ao todo, foram 34 profissionais que sofreram ofensas, ameaças judiciais, descredibilidade e até impedimento de cobertura. Dos jornalistas homens, 29 foram alvos dos mesmos tipos de ataques.

O Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente Bolsonaro, é o local onde costumam ocorrer as coletivas de imprensa informais, no início da manhã. De acordo com o estudo da RSF, o espaço se tornou símbolo de hostilidade aos jornalistas. Em 3 de março, Bolsonaro saiu de um veículo oficial acompanhado por um humorista caracterizado como presidente, e ficou responsável por distribuir bananas aos jornalistas que aguardavam no local.

No dia 26 de março de 2020, um novo episódio de hostilidade de Bolsonaro contra os jornalistas foi registrado no Alvorada. A crise gerada pela pandemia do novo coronavírus crescia e o presidente humilhou os jornalistas presentes. Enquanto ria, Bolsonaro dizia aos apoiadores: "cuidado, povo brasileiro. Essas pessoas (ele aponta para os repórteres) dizem que estou errado e que todos devem ficar em casa". E, dirigindo-se aos jornalistas, disse: "O que vocês estão fazendo aqui então? Não têm medo do coronavírus? Voltem para casa!".

Ainda no primeiro semestre, os grandes veículos de comunicação resolveram não ocupar mais o "cercadinho", como era chamada a grade onde o presidente conversava com a imprensa. Depois, o próprio Bolsonaro parou de atender aos jornalistas e passou a receber apoiadores dentro da propriedade do Palácio.

Obstáculos para acessar informações sobre a crise gerada pela covid-19

Após a divulgação de números alarmantes sobre a progressão da pandemia no país, o presidente ficou visivelmente irritado, em 5 de junho de 2020. O presidente havia ordenado que os boletins diários do Ministério da Saúde passassem a ser transmitidos para a mídia às 22h, ao invés das 19h. A mudança tentava evitar que a informação sobre o número de mortos e infectados pelo coronavírus fosse divulgada nos noticiários noturnos de TV, horário em que há maior audiência.

No dia seguinte, o ministro Eduardo Pazuello, que atuava como interino na época, alegou que havia uma superestimação dos dados sobre mortos pela covid-19. Mudanças metodológicas relacionadas ligadas à contagem de casos e divulgações oficiais foram adotadas pelo ministério.

Para dar mais transparência aos dados, um consórcio de mídia reuniu os principais jornais do país, que inclui o portal UOL, para levantar dados direto com autoridades locais dos 26 estados do país e do distrito federal.

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