Com Biden, EUA vão integrar aliança global para entregar vacinas a países pobres
Depois da posse, é hora de agir. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, colocou o combate ao coronavírus no foco do seu governo - e as mudanças já começam nesta quinta-feira (21). O conselheiro de Saúde da presidência declarou nesta manhã que Washington pretende integrar a aliança global para proporcionar vacinas para os países pobres.
Lúcia Müzell, enviada especial a Washington
Horas depois da posse, Biden assinou três decretos que dão um novo direcionamento no combate à pandemia, entre eles o que cancela a retirada do país da Organização Mundial da Saúde (OMS). O imunologista e conselheiro de Saúde da presidência dos Estados Unidos Anthony Fauci esclareceu que a decisão significa que os americanos voltarão a cumprir as obrigações financeiras com a entidade das Nações Unidas.
"O presidente Biden vai publicar uma diretiva ainda hoje que inclui a intenção dos Estados Unidos de se juntar à Covax e apoiar a ACT-Accelerator [iniciativas da OMS para ajudar os países de baixa renda], para avançar nos esforços multilaterais para a vacina contra a Covid-19, tratamentos e distribuição de testes", declarou Fauci em uma videoconferência com o conselho executivo da organização.
"Os Estados Unidos estão dispostos a trabalhar em colaboração e solidariamente para apoiar a resposta internacional à Covid-19, mitigar seu impacto no mundo, fortalecer nossas instituições, avançar na preparação para futuras epidemias e melhorar a saúde e o bem-estar de todos os povos do mundo", acrescentou o imunologista, que fez parte da célula de crise durante a gestão de Donald Trump e foi nomeado assessor por Biden.
O presidente da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, respondeu que "este é um bom dia para a OMS e um bom dia para a saúde global".
Acelerar o plano de vacinação - que não existia
Nesta quinta, dez novos decretos devem ser publicados por Joe Biden, especificamente para enfrentar o coronavírus, que matou 4,2 mil americanos nas últimas 24 horas. O foco é acelerar a realização de testes e o ritmo da vacinação em todo o país, para imunizar 100 milhões de americanos em 100 dias. Biden vai destinar US$ 20 bilhões para a campanha de vacinação, do total do plano extraordinário de US$ 1,9 trilhão para o país se recuperar da pandemia. O projeto será encaminhado ao Congresso.
Fontes da Casa Branca indicaram à emissora americana CNN não ter encontrado nenhum plano concreto da gestão de Donald Trump para distribuir as vacinas pelo país. "Não temos nada sobre o que trabalhar. Estamos tendo que construir tudo do zero", indicou a fonte do governo.
"Por quase um ano, os americanos não puderam encontrar nenhuma estratégia, e muito menos uma abordagem integral para enfrentar a Covid", afirmou Jeff Zients, que coordena a resposta contra a pandemia do novo governo. "Tudo isso vai mudar", disse ele à imprensa.
Legislação emergencial contra a Covid-19
O governo Biden vai recorrer a uma legislação emergencial para viabilizar o aumento da produção de produtos sanitários como máscaras e seringas. Logo após a posse, o presidente determinou o uso obrigatório da proteção facial nos transportes entre estados, nos prédios federais e pelos funcionários do governo.
No distrito de Columbia, por exemplo, a máscara é utilizada em todos os lugares. Mas no resto do país, há muita disparidade em relação às medidas sanitárias, já que essas dependem dos estados.
O presidente alertou em seu discurso de posse que a Covid-19 está prestes a alcançar sua "fase mais difícil e mortal" e pediu aos americanos que "deixem a política de lado" para enfrentar juntos este "inverno sombrio".
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