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Covid-19: Israel obteve milhões de doses da vacina da Pfizer/BioNTech em troca de dados médicos

Covid-19: Israel obteve milhões de doses da vacina da Pfizer/BioNTech em troca de dados médicos - Miriam Alster/JINI via Xinhua
Covid-19: Israel obteve milhões de doses da vacina da Pfizer/BioNTech em troca de dados médicos Imagem: Miriam Alster/JINI via Xinhua

Sami Boukhelifa, correspondente da RFI em Jerusalém 

19/01/2021 13h10Atualizada em 22/01/2021 12h58

Como Israel conseguiu milhões de doses da vacina contra a Covid-19 da Pfizer/BioNTech antes do mundo inteiro? O ministério da Saúde do país resolveu esclarecer os boatos e publicou um documento em que revela o acordo concluído com os laboratórios americano e alemão. A RFI pôde consultar o relatório.

O documento assinado por Israel e a Pfizer/BioNTech é intitulado de "Acordo de acompanhamento epidemiológico em situação real". Desde as primeiras páginas, o objetivo está detalhado: "trata-se de recolher e analisar um máximo de dados para saber em qual momento uma população vacinada em grande escala chega à imunidade coletiva".

Através deste compromisso, os laboratórios americano e alemão prometeram fornecer rapidamente a Israel milhões de doses da vacina contra a Covid-19. Em troca, o governo israelense garantiu conceder dados sobre os efeitos da vacinação de sua população.

As negociações tiveram início em junho de 2020, quando os testes clínicos do imunizante da Pfizer/BioNTech sequer haviam terminado. Cerca de oito milhões de doses foram encomendadas pelo governo israelense junto às gigantes do setor farmacêutico. Os primeiros lotes chegaram em 9 de dezembro de 2020 no aeroporto internacional Ben Gourion, pouco antes do início de uma imensa campanha de vacinação.

O documento precisa que o acordo foi fechado entre as duas partes dentro do respeito da lei e da proteção da vida privada. Parte do conteúdo do tratado já havia sido revelada pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, no início de janeiro. Segundo ele, Israel compartilhava os dados da vacinação no país não apenas com a Pfizer/BioNTech, mas com o mundo inteiro, para ajudar nas estratégias de imunização para vencer o coronavírus.

Se a comunidade internacional critica Netanyahu pelo verdadeiro objetivo do acordo - obter milhões de doses da vacina antes de qualquer outro país - em Israel, as reclamações se concentram no preço do imunizante. Para obtê-lo com prioridade, o Estado hebreu pagou quase o dobro do preço - 43% superior ao preço do mercado - segundo a imprensa local. No entanto, as autoridades se recusam a comentar essa informação.

Israel lidera vacinação

Mais de 40 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19 foram administradas em todo mundo, em uma corrida pela imunização liderada atualmente por Israel. O país é, de longe, o mais adiantado em relação à sua população.

No total, desde 20 de dezembro, foram utilizadas 2,43 milhões de doses em 2,12 milhões de pessoas, ou seja, 24,5% da população. Cerca de 3,6% dos israelenses já receberam as duas doses consideradas necessárias.

Até o momento, ao menos 60 países ou territórios, que representam 61% da população mundial, lançaram suas campanhas de vacinação. Destes, 11 concentram 90% das doses injetadas.

Em quantidade de pessoas vacinadas, os Estados Unidos lideram, com 12,28 milhões de doses administradas em 10,60 milhões de pessoas (3,2% da população), à frente da China, com mais de 10 milhões de doses.

Na Europa, o Reino Unido foi o primeiro a começar a vacinar, no início de dezembro. O país aplicou 4,31 milhões de doses em 3,86 milhões de pessoas, o correspondente a 5,7% da população total.

Atrás do Reino Unido, estão dois países da União Europeia: Itália (1,15 milhão) e Alemanha (1,05 milhão). Os países do bloco injetaram mais de cinco milhões de vacinas em pelo menos 1,2% de seus habitantes. Em relação à população, a Dinamarca (2,9%) lidera entre os 27 integrantes da UE.

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