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PDT apoia Pacheco, que amplia vantagem; Simone corre atrás do prejuízo

Senador Rodrigo Pacheco já pode ter maioria para eleição à presidência com apoio do PDT - Marcos Oliveira/Agência Senado
Senador Rodrigo Pacheco já pode ter maioria para eleição à presidência com apoio do PDT Imagem: Marcos Oliveira/Agência Senado
do UOL

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

14/01/2021 12h13Atualizada em 14/01/2021 14h24

A bancada do PDT no Senado anunciou hoje que vai apoiar o senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG) à Presidência da Casa e, assim, o candidato amplia ainda mais a vantagem sobre sua principal adversária, Simone Tebet (MDB-MS).

Pacheco conta com o apoio do atual presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e tem o favoritismo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Agora ao seu lado estão o DEM, PSD, Republicanos, Pros, PT, PL, PP, PSC e PDT - a maioria de partidos tidos como do centrão.

Em nota, a bancada do PDT no Senado diz acreditar que Rodrigo Pacheco tem "as melhores condições de liderança para exercer o papel de presidir a Casa" no atual momento socioeconômico do Brasil e que o apoio não representa um alinhamento automático às pautas defendidas por todos os partidos que estão ao lado do candidato.

"Em todas as conversas com o senador Rodrigo Pacheco, o partido deixou claro que não abre mão da defesa de temas que considera fundamentais e sempre fizeram parte de sua história de luta, como a manutenção do estado democrático de direito, os ideais trabalhistas, a proteção à educação e saúde públicas de qualidade, o respeito aos direitos das minorias, com igualdade de oportunidades entre todos, independente do gênero, raça, credo ou origem, e a proteção dos mais vulneráveis", diz trecho.

Essas siglas juntas a senadores do PSDB e do Podemos que tendem a apoiar Pacheco podem chegar a mais de 41 senadores. Ou seja, mais da metade de 81 senadores. No entanto, o voto é secreto e, por isso, pode haver traições de ambos os lados.

Esse número pode mudar ainda devido à troca de partidos de senadores e ao retorno de titulares ao mandato.

Simone Tebet teve a candidatura anunciada na terça (12) pelo MDB - a maior bancada no Senado, com previsão de chegar a 15 senadores no dia da eleição, prevista para a primeira semana de fevereiro.

Além do próprio partido, ela conta somente com o apoio oficial do Podemos, hoje a terceira maior bancada com nove senadores. Dois de seus parlamentares - Marcos do Val (ES) e Romário (RJ) - tendem a votar em Pacheco, segundo os próprios colegas.

Havia a expectativa de que ontem o PSDB anunciasse um apoio formal a ela. No entanto, devido a divergências internas e regionais, o partido acabou liberando a bancada para votar como preferir.

Portanto, agora, Simone corre atrás do prejuízo e busca atrair o apoio oficial do PSB, Cidadania e da Rede. Embora os senadores desses partidos tendem a apoiá-la, juntos estão em pequeno número - seis, ao todo - o que não lhe daria uma força numérica significativa contra Pacheco.

Um eventual anúncio formal do Cidadania só deve sair a partir de sábado (16), quando há previsão de a bancada se reunir para discutir o assunto internamente.

Tanto Pacheco quanto Simone passam os dias conversando e articulando com o maior número de senadores possível, em especial os que não devem votar neles respectivamente.

Um dos maiores reveses a Simone até o momento foi a liberação da bancada pelo PSDB. Dos sete senadores, quatro devem votar em Pacheco e três em Simone. Deverão ir com Pacheco: Izalci Lucas (DF), Roberto Rocha (MA), Rodrigo Cunha (AL) e Plínio Valério (AM). Com Simone estão José Serra (SP), Tasso Jereissati (CE) e Mara Gabrilli (SP). Estes dois primeiros são amigos pessoais da candidata.

Nas últimas semanas, as conversas apontavam para um acordo em que o PSDB a apoiaria oficialmente. No entanto, após os tucanos receberem relatos de senadores do Podemos e até do próprio MDB de que não votariam nela, desistiram de ir "para o sacrifício", segundo um senador do PSDB à reportagem. Na prática, em termos ideológicos, não há diferenças relevantes entre o PSDB e o DEM de Pacheco, ressaltou.

Nem no próprio Podemos o apoio de ao menos sete senadores a Simone está garantido. Um parlamentar da bancada afirmou à reportagem que, caso a candidatura dela não cresça ou se sustente, a possibilidade de o Podemos lançar um candidato próprio não está descartada para chamar atenção ao partido.

Para esse senador, sob reserva, o partido ficará avaliando a situação. "Se ela tiver chance, vamos entrar de cabeça na campanha dela. Especialmente, junto às redes sociais. É uma candidata íntegra. [...] Por acaso, se surgir fato novo ou não for bem a campanha, se a contabilidade do Pacheco estiver lá em cima, poderemos lançar candidatura própria."

O líder do partido no Senado, Alvaro Dias (PR), busca minimizar a possibilidade dizendo que é tida como remota.

Diante desse contexto, o próprio MDB estuda chamar Simone a uma reunião para que ela explique se tem ou não o apoio que havia declarado ter antes de se lançar candidata. Com as dissidências que estão aparecendo, não dá para ter certeza nem que os senadores do MDB caminharão unidos com ela.

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