Economia chinesa teve crescimento positivo e saiu ganhando com epidemia de Covid-19
A China é o único país do mundo que registrou uma crescimento positivo (+1,9%) do comércio dos produtos de base em 2020. A afirmação foi dada por Li Kuiwen, porta-voz da Administração Geral da Aduana chinesa, durante uma coletiva de imprensa nesta quinta-feira (14).
Stéphane Lagarde, correspondente da RFI em Pequim
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No início de abril, a China voltou a ser a "fábrica do mundo." As indústrias do país enviaram ônibus para buscar operários em províncias isoladas por conta do vírus. Ao mesmo tempo, a pneumonia viral freava a relocalização da produção para os países da Ásia do Sul e do sudeste, onde a mão de obra é mais barata.
Os dados apresentados nesta quinta-feira mostram que os lockdowns e as medidas de proteção geraram um forte crescimento do comércio exterior chinês.
A exportação de máscaras e de equipamentos de proteção aumentaram 31% em um ano, além dos produtos eletrônicos para os consumidores confinados em todo o mundo. O resultado foi um excedente comercial de € 62 bilhões em novembro.
Crescimento mundial dependente da China
A economia chinesa também ganhou força no mercado financeiro, apesar das barreiras tarifárias impostas pelo presidente americano, Donald Trump.
No ano passado, em meio à pandemia, a demanda por produtos médicos e eletrônicos para trabalho remoto impulsionou as exportações chinesas para os EUA. Por outro lado, as restrições sanitárias nos Estados Unidos foram um freio ao comércio com a China, avalia a economista Iris Pang, do banco ING. Em 2020, os chineses registraram um superávit comercial de 7,1%, a US$ 316,9 bilhões, com os Estados Unidos.
Apesar de tudo, Pequim fez "esforços contínuos para cumprir seus compromissos" com Washington, segundo o analista Ting Lu, do banco de investimentos Nomura, observando em dezembro um aumento de 45% em um ano nas importações chinesas dos Estados Unidos.
Envelhecimento da população preocupa
O crescimento mundial continua, desta forma, mais do que nunca dependente da China, mas o caminho para alcançar os Estados Unidos ainda é longo.
O envelhecimento da população chinesa, o endividamento do Estado e um setor privado dependente do governo são fatores que poderiam prejudicar o país em sua corrida para se tornar a principal potência econômica mundial.
(RFI e AFP)