Oposição ainda não descarta apoio a Lira e cobra definição de bloco de Maia
A oposição na Câmara dos Deputados ainda não descarta apoiar o candidato do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e líder do centrão, Arthur Lira (PP-AL), à presidência da Casa, segundo apurou a reportagem do UOL. As eleições internas para escolher quem vai suceder a Rodrigo Maia (DEM-RJ) no cargo e a nova Mesa Diretora acontecem em fevereiro de 2021.
Um dos fatores pelos quais a oposição não descarta apoiar Lira é a falta de definição de quem vai ser candidato pelo bloco articulado por Maia. Até o momento, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), Baleia Rossi (MDB-SP) e Elmar Nascimento (DEM-BA) estão na disputa, mas ainda não há consenso interno. O primeiro migraria depois para o PSL. Há expectativa de que um anúncio saia nos próximos dias.
Enquanto isso, a oposição segue conversando com Arthur Lira, que busca desidratar o bloco do rival pegando-a para si. A esquerda é cobiçada pelos pretendentes ao comando da Câmara, porque um "blocão" com o grupo pode chegar a cerca de 300 dos 513 deputados. Ou seja, a maioria da Casa.
Ao mesmo tempo, a própria esquerda sabe que, para ter cargos importantes na Câmara, não pode se isolar. Experiências passadas em que a oposição não compôs um "blocão" são consideradas hoje como um desastre por seus próprios integrantes.
Em reunião ontem, 18 dos 31 deputados federais da bancada do PSB defenderam seguir Lira. No entanto, o apoio do partido ainda não está fechado, informou o presidente nacional da sigla, Carlos Siqueira.
O PT vai ter uma reunião amanhã em que pode decidir que rumo tomar após ouvir todos os candidatos na corrida. A tendência é que não lance candidato próprio. Em conversa com o UOL, um integrante da alta cúpula do partido disse que o ideal era o grupo do Maia anunciar o candidato até segunda-feira (14).
Quando integrantes dos partidos são questionados sobre eventual falta de coerência em apoiar Lira, o candidato bolsonarista, dizem que a política é dinâmica e não poderem se prender às demais legendas.
Argumentam ainda que o pleito interno da Câmara tem características próprias - quem não estiver na composição dos blocos pode ficar isolado depois - que não devem impedir acordos com o centrão. Cada partido da oposição vai tomar seu caminho para então analisar como podem atuar juntos, mais provavelmente apenas no segundo turno.
O PCdoB também se mantém aberto aos candidatos dos dois grupos. Uma decisão só deve sair semana que vem. No partido, há quem critique uma falta de união maior da oposição. Sob reserva, um integrante da bancada defendeu que a esquerda tenha um candidato próprio para então se unir com o grupo de Maia no segundo turno.
O PSOL tem tradição de lançar uma candidatura própria, mesmo que para marcar posição, e deve continuar nesse princípio.
"A gente tem uma visão de não barganha. Não queremos barganhar cargos na Mesa. Não é o que está em jogo para a gente", afirmou o deputado Ivan Valente (PSOL-SP).
Ele ressalta que o partido não tem convergência com as candidaturas postas até o momento, embora avalie que "o que está em jogo é o bolsonarismo". No segundo turno, prevê que a bancada votará no "menos pior".