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Passageiro manda vídeo 40 min antes de morrer em queda de ônibus de viaduto

do UOL

Vinícius Rangel

Colaboração para o UOL, em Vitória

05/12/2020 14h45Atualizada em 05/12/2020 19h07

Um dos 18 mortos na queda de um ônibus de turismo do viaduto conhecido como Ponte Torta, em João Monlevade (MG), enviou um vídeo para a família 40 minutos antes do trágico acidente.

O pedreiro Clemilton Santos do Nascimento, 40, fez uma filmagem dentro do coletivo em que mostrava parte dos passageiros. Natural de Campinhos (AL), ele morava em Guarulhos (SP). De acordo com Geovana Melo, sobrinho de Clemilton, ele voltou à cidade natal para tirar uma carteira de habilitação e também visitar a família.

"Todo ano (ele) vem visitar a gente e, por causa da pandemia, ele não ia vir, mas resolveu de última hora. Ele veio tirar a carteira de habilitação porque aqui é mais barato do que em São Paulo e aproveitou pra ver a família na cidade. Pra gente está muito difícil isso tudo", contou Geovana.

Clemilton passou um mês na cidade. A volta pra casa começou tranquila na manhã da última quinta-feira (3). Por volta das 12h50, o pedreiro, de dentro do ônibus, enviou um vídeo para a família e algumas mensagens. Ele mencionou que a viagem estava correndo tudo normal e que iriam fazer uma parada.

"Ele disse que a viagem estava tranquila. Mandou o vídeo mostrando o pessoal dormindo dentro do ônibus e disse que que as mulheres ficavam na frente e os homens atrás. Eles iriam fazer uma parada para tomar banho e comer algo. Mas não deu tempo", disse a sobrinha chorando ao UOL.

De acordo com a PRF (Polícia Rodoviária Federal), o acidente aconteceu por volta das 13h30 de ontem. Testemunhas viram o motorista do coletivo dando ré antes de o veículo cair. Sete pessoas pularam do ônibus, sendo que a PRF informou que o motorista foi uma delas e ainda está desaparecido.

A sobrinha da vítima afirmou que o tio morava desde os 15 anos em São Paulo. Ele deixou Alagoas para ajudar a família após o pai morrer. Ela disse que Clemilton era uma pessoas muito carinhosa e que vai deixar muita saudade. "De todos os três tios que tenho, ele era o único que visitava a gente. Sempre muito carinhoso. Vai fazer muita falta aqui para nós", frisou Geovana.

Outras vítimas

A Polícia Civil de Minas Gerais divulgou que 18 dos 46 passageiros morreram. Dos feridos, sete tiveram alta, 13 estão internados no Hospital Margarida, em João Monlevade, e três estão no Hospital João 23, em Belo Horizonte. Outras três pessoas não precisaram de atendimento.

O órgão informou que os corpos estão no Instituto Médico Legal André Roquette, em BH. Uma força tarefa está em atuação recepcionando os familiares das vítimas que chegaram nesta manhã em Belo Horizonte e aguardam a liberação dos entes queridos. Nenhum corpo foi liberado até o momento.

"O objetivo é dar conforto às famílias em relação ao atendimento realizado no momento de liberação, por meio do serviço social, além de facilitar a logística no momento da retirada, já que nenhuma das vítimas é de João Monlevade. Os trabalhos de necropsia acontecem desde a tarde de ontem conforme a chegada dos corpos na capital", disse em nota a polícia, que também anunciou a abertura de inquérito para investigar as causas do acidente.

Parte das vítimas terá translado com avião da FAB

Um avião da FAB (Força Aérea Brasileira) fará o translado dos corpos das vítimas do acidente. A informação foi confirmada pelo coordenador adjunto da Defesa Civil mineira, o tenente-coronel Flávio Godinho. A negociação foi feita com o secretário nacional de Proteção e Defesa Civil, Alexandre Lucas Alves.

"Foi dado o sinal verde para que fosse disponibilizado um avião da Força Aérea para fazer o translado dos corpos para Alagoas. O avião pousará no Aeroporto da Pampulha. Isso não deve acontecer hoje, porque ainda falta fazer a identificação de todas as vítimas e os peritos do IML devem virar a noite para fazer isso", explicou Godinho.

Ainda segundo o tenente-coronel, o governo de Alagoas se comprometeu a comprar passagens aéreas para que os parentes dos mortos no acidente possam ir para Belo Horizonte para realizar o reconhecimento dos corpos e a liberação deles. O objetivo é acelerar o processo de identificação para liberar para velórios e enterros.

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