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PF prende 9 em operação contra viagem ilegal de brasileiros aos EUA

Investigações sobre grupo que agia em Minas Gerais começaram ano passado - Divulgação PF
Investigações sobre grupo que agia em Minas Gerais começaram ano passado Imagem: Divulgação PF
do UOL

Leonardo Martins

Colaboração para o UOL, em São Paulo

03/12/2020 16h50

Nove pessoas foram presas hoje pela Polícia Federal, na terceira fase da Operação Cai-Cai, que investiga organizações criminosas que promoviam a migração ilegal até de bebês de colo para os Estados Unidos —usando o México como passagem direta ao país. Segundo a PF, fazendeiros, políticos e empresários são os operadores do esquema em Minas Gerais.

Segundo a PF, o grupo agia em sete cidades da região de Governador Valadares (MG), a cerca de 300 km de Belo Horizonte. Entre os detidos, estão um prefeito eleito, ex-prefeitos e um vice-prefeito em final de mandato, todos de pequenas cidades mineiras. Dois empresários, com mandados de prisão emitidos, estão foragidos. A PF não divulgou o nome dos políticos —a justificativa é a nova lei de abuso de autoridade.

Segundo as investigações, junto com empresários e donos de fazendas, os suspeitos organizaram uma "assessoria" de viagem para as vítimas.

O diretor da PF em Valadares, delegado Cristiano Jomar Costa Campidelli, disse ao UOL que o grupo ajudava a vítima em todos passos para a saída do país, desde a emissão de passaporte até a chegada nos Estados Unidos.

"A propaganda acontecia de boca em boca. Como são cidades muito pequenas, alguém fica sabendo que uma pessoa quer viajar ou morar fora. O cooptador, então, vai ao encontro da pessoa e oferece uma assessoria para a ida aos EUA. Até o início desse ano havia, além de adultos, crianças de todas as idades e até bebês de colo no esquema", afirmou.

Toda assessoria, ainda de acordo com a PF, custava 22 mil dólares (mais de R$ 112 mil). Campidelli relata que os bandidos usavam o México como porta de entrada porque, diferentemente dos EUA, era mais fácil chegar ao país sem visto no passaporte. Em terras mexicanas, a travessia aos Estados Unidos acontecia por via terrestre.

"Parte dos envolvidos era responsável pelo pagamento da propina para a imigração mexicana para pessoas poderem entrar. Eles assessoravam tudo, até o transporte dentro do território mexicano e a passagem da fronteira para os Estados Unidos", afirmou.

Segundo a PF, as vítimas ficavam subordinadas aos guias denominados "coiotes": criminosos, que, na maioria das vezes, armados, definiam as rotas arriscadas de travessia de fronteira.

Mais de um ano de investigação

As investigações começaram no ano passado após a PF ter analisado três notícias de crimes diferentes em estados distintos. Os investigadores repararam, então, que, em todos esses estados, havia a ação dos mesmos suspeitos de enviarem brasileiros para os Estados Unidos.

Ao todo, foram expedidos 21 mandados de busca e apreensão pela Justiça Federal de Governador Valadares e cumpridos nas cidades mineiras de Governador Valadares, Tarumirim, Alvarenga, Campanário, Engenheiro Caldas, Piedade de Caratinga e Virginópolis.

Foram apreendidas pedras preciosas, veículos e dinheiro em espécie. Os valores, no entanto, ainda estão sendo contabilizados pela perícia técnica.

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