Guedes: Dos R$ 600 bi de rolagem de dívida, R$ 300 bi estão provisionados
Idiana Tomazelli e Lorenna Rodrigues
Brasília
23/11/2020 18h35
Entre essas medidas está a negociação de uma nova devolução antecipada de recursos por bancos públicos, entre eles o BNDES, como antecipou o Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. Segundo o ministro, essa frente é capaz de garantir ao caixa do Tesouro um reforço superior a R$ 100 bilhões.
Guedes citou ainda o recebimento de dividendos de empresas públicas. "Se Caixa fizer IPO (oferta inicial de ações) da Caixa Seguridade, tem mais R$ 20 bilhões, R$ 30 bilhões, R$ 40 bilhões, até R$ 50 bilhões para vir", disse em evento online promovido pela Empiricus.
O repasse do lucro cambial já feito pelo Banco Central ao Tesouro Nacional também garante uma parte desse colchão, já que ainda não foi consumido integralmente. O Broadcast mostrou, no entanto, que a solicitação de um novo repasse não está descartada.
Guedes disse que chegou ao governo com o objetivo de reduzir a dívida pública e, para isso, previa desinvestimentos, desalavancar bancos públicos e vender estatais. A "tragédia não prevista" da covid-19, porém, acabou levando o País na direção contrária, de elevar seu endividamento.
"O que tem que fazer? Mais intensamente o que estava fazendo antes. Em vez de baixar 0,5% (do PIB, em referência à redução de 0,7 ponto porcentual na dívida bruta do governo em 2019), tem que baixar 1,5% ou 2% (do PIB)", disse o ministro. "Se antes eu precisava vender uma ou duas estatais, agora tenho que vender cinco por ano."
Guedes disse que o governo está tomando "cuidados" com a rolagem da dívida, mas avaliou que a situação está equacionada para a atual gestão. "Não espero ter problema de rolagem neste governo", afirmou.
Ele reconheceu, porém, que os juros mais longos estão elevados, o que poderia trazer desafios nos próximos anos. "A inclinação da curva longa é natural. Se as reformas forem feitas, ela desce", avisou.
Apesar do quadro fiscal delicado, o ministro reforçou que a reforma tributária não resultará em aumento de tributos. Ele explicou que apenas quem não paga (por exemplo, quem recebe dividendos e é isento) passará a recolher impostos ao governo.