Papa desafia jovens a criar modelo econômico inclusivo
"Vocês sabem que precisamos de uma narrativa econômica diferente, precisamos agir com responsabilidade pelo fato de que o sistema mundial atual é insustentável, de diferentes pontos de vista", afirmou o Pontífice aos mais de 2 mil participantes, de 120 países diferentes.
Os jovens empresários, empreendedores, economistas e estudantes foram desafiados a criar um sistema que respeite a terra, "tão maltratada e despojada", e ao mesmo tempo "os mais pobres e os mais excluídos".
"Não é um ponto de chegada, mas o pontapé inicial de um processo que somos chamados a viver como vocação, como cultura e como pacto", acrescentou.
Francisco disse que é a hora de ousar, de sujar as mãos, sem atalhos, para transformar a economia e, consequentemente, toda a sociedade, com um estímulo de modelo de desenvolvimento, progresso e sustentabilidade nos quais as pessoas, em especial os excluídos, "sejam protagonistas".
O evento, iniciado na quinta-feira (19), estava inicialmente marcado para março, na cidade italiana de Assis, e foi adiado por causa da pandemia do novo coronavírus Sars-CoV-2.
"Não estamos condenados a modelos econômicos que focam seu interesse imediato no lucro como unidade de medida e na busca de políticas públicas semelhantes que ignorem seus próprios custos humanos, sociais e ambientais", advertiu.
O Pontífice desafiou todos os jovens a serem uma presença concreta nas "cidades e universidades, no trabalho e nos sindicatos, nas empresas e nos movimentos, nos cargos públicos e privados, com inteligência, empenho e convicção".
"A gravidade da situação atual, que a pandemia de Covid trouxe ainda mais à tona, exige uma consciência responsável de todos os atores sociais, de todos nós, entre os quais vocês têm um papel primordial", acrescentou.
O líder religioso ainda defendeu uma "nova cultura", que exige "mudanças nos estilos de vida, nos modelos de produção e consumo, nas estruturas consolidadas de poder que governam as sociedades hoje".
"A crise social e econômica, que muitos sofrem na própria carne e que está a hipotecar o presente e o futuro, com o abandono e a exclusão de tantas crianças e adolescentes e famílias inteiras, não nos permite privilegiar interesses setoriais em detrimento do bem comum", lembrou.
Francisco destacou a necessidade de dar voz aos pobres e vulneráveis na criação de novas políticas, para que se tornem "protagonistas das suas vidas e de todo o contexto social".
"Com a exclusão, a própria raiz da pertença à sociedade em que se vive é afetada, pois nela não se está nas favelas, na periferia ou sem poder, mas sim fora", lamentou. "Não, não somos obrigados a continuar a admitir e a tolerar silenciosamente em nosso comportamento que uns se sintam mais humanos do que outros, como se tivessem nascido com maiores direitos".
Por fim, Jorge Bergoglio ressaltou que "a política e a economia não devem se submeter as regras e ao paradigma da eficiência da tecnocracia".
Falando sobre o futuro, o Papa pediu que a política e a economia estejam "decididamente ao serviço da vida, especialmente da vida humana", gerando um modelo de solidariedade internacional, que "reconheça e respeite a interdependência entre as nações".
O Santo Padre ainda alertou que depois da crise de saúde provocada pela pandemia de Covid-19, a "a pior reação seria cair ainda mais no consumismo febril e em novas formas de autoproteção egoísta". "Não se esqueçam de uma crise nunca se sai igual: saímos melhores ou piores", finalizou, enfatizando a importância de "deixar crescer o que é bom, aproveitar a oportunidade e nos colocar todos a serviço do bem comum". (ANSA)
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