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Autoridades da Etiópia tentam demonstrar apoio da população à operação no Tigré

12/11/2020 11h48

Adis Abeba, 12 Nov 2020 (AFP) - As autoridades etíopes tentam ganhar o apoio da população em sua operação militar na região dissidente do Tigré e organizaram, nesta quinta-feira (12), uma campanha de doação de sangue em Adis Abeba, a qual se somou à convocação de uma manifestação que teve de ser cancelada.

Ao mesmo tempo, o governo anunciou hoje a detenção, na capital, de 150 pessoas de "etnias diversas suspeitas de prepararem atos terroristas sob as ordens do TPLF", a Frente de Libertação dos Povos do Tigré, o partido que dirige esta região do norte do país.

Além da campanha de doação de sangue, as autoridades municipais da capital também convocaram uma manifestação em apoio à intervenção militar lançada em 4 de novembro pelo primeiro-ministro, Abiy Ahmed, contra a TPLF no Tigré, mas depois decidiram cancelá-la.

"O objetivo da doação de sangue é mostrar nosso respeito para com o Exército", explicou a prefeita de Adis Abeba, Adanesh Abebe, que também doou sangue.

A TPLF, que governou o país por 30 anos, acusa o Executivo de Abiy de marginalizá-la na tomada de decisões e está há meses desafiando seu poder. Em setembro, organizou uma votação no Tigré que o governo central classificou de "ilegítima".

Abiy, prêmio Nobel da Paz em 2019, alega que sua operação militar busca substituir a TPLF por "instituições legítimas" e acusa o governo da região rebelde de ter atacado duas bases do Exército, algo que a TPLF nega.

A violência na região provocou um êxodo dos habitantes para o vizinho Sudão, cuja fronteira teria sido cruzada por cerca de 11.000 pessoas, segundo a agência sudanesa encarregada dos refugiados.

Nesta quinta, o primeiro-ministro afirmou no Facebook que as Forças Armadas haviam "liberado" a zona ocidental do Tigré, uma das seis zonas administrativas dessa região, além de sua capital, Mekele (no leste), e outra localidade próxima.

Em seu comunicado, Abiy acusou as forças da TPLF de "crueldade" e disse que haviam sido encontrados "corpos de soldados executados, de pés e mãos atados".

As comunicações com a região estão cortadas, e as restrições aos deslocamentos dos jornalistas tornam impossível contrastar essas informações.

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