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Maia acusa presidente do BC de vazar conversa privada; depois, volta atrás

Maia disse que Campos Neto não agiu à altura do cargo que tem - Gabriela Biló/Estadão
Maia disse que Campos Neto não agiu à altura do cargo que tem Imagem: Gabriela Biló/Estadão
do UOL

Colaboração para o UOL*

29/10/2020 08h50Atualizada em 29/10/2020 09h52

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), acusou publicamente o presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto, de vazar para a imprensa o conteúdo de uma conversa particular que os dois tiveram. Mais tarde, desculpou-se e disse confiar no colega.

Na reunião de ontem, Maia e Campos Neto trataram sobre a crise política no país. O presidente do BC teria dito temer que isso atrapalhe o avanço de reformas no Congresso.

O que vazou para imprensa é que Maia teria culpado o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pela crise.

Inicialmente, em post no Twitter, o parlamentar afirmou que Campos Neto não teve um comportamento de acordo com o que seu cargo exige.

A atitude do presidente do Banco Central de ter vazado para a imprensa uma conversa particular que tivemos ontem não está à altura de um presidente de Banco de um país sério
Rodrigo Maia sobre Roberto Campos Neto, às 8h16

Pouco mais de uma hora depois, Maia voltou à rede social para se desculpar, dizendo que Campos Neto negou ter vazado qualquer informação sobre a reunião.

Recebi há pouco ligação do presidente do BC afirmando que ele não divulgou à imprensa a nossa conversa. Diante da palavra do presidente, o vazamento certamente foi provocado por terceiros. Deixo aqui registrado a ligação e a confiança que tenho nele
Rodrigo Maia sobre Roberto Campos Neto, às 9h35

Crise política atrapalha economia

Fontes ouvidas pelo Estadão/Broadcast disseram que a base do governo tem obstruído votações desde o começo de outubro. O objetivo seria emplacar um nome alinhado ao líder do PP na Casa, deputado Arthur Lira (AL), na presidência da Comissão Mista de Orçamento.

Ontem, para jornalistas, Maia criticou a articulação da base do governo. "Eu pauto, a base obstrui, eu cancelo a sessão. Infelizmente, é assim. Eu espero que, quando tivermos que votar a PEC emergencial, a reforma tributária, que o governo tenha mais interesse e a própria base tire a obstrução da pauta da Câmara."

As preocupações de Campos Neto surgem em um momento-chave para o Banco Central. A percepção é de que, caso o risco fiscal se intensifique, a autarquia reforçará os alertas de que precisará subir os juros para controlar a inflação. Campos Neto tem sinalizado que, com a área fiscal desorganizada, não é possível manter os juros baixos para sempre. Na reunião de ontem do Comitê de Política Monetária, a Selic foi mantida em 2% - o menor patamar da história.

Maia x ministros

Essa não é a primeira rixa pública de Rodrigo Maia com um integrante da alta cúpula do governo. Na semana passada, ele criticou a postura de Ricardo Salles (Meio Ambiente) em um embate com o ministro-chefe da secretaria de Governo da Presidência da República, Luiz Eduardo Ramos. Salles disse que o colega tinha postura de "maria fofoca" ao vazar informações para a imprensa, e Maia saiu em defesa de Ramos.

Ontem à noite, o perfil de Salles no Twitter chamou o presidente da Câmara de "Nhonho", em referência ao personagem do seriado "Chaves". Hoje, em nota, o ministro disse que a ofensa foi feita por outra pessoa que usou sua conta indevidamente. Em seguida, ele excluiu o perfil.

Nos últimos meses, o embate de Maia vinha sendo com Paulo Guedes (Economia). O parlamentar chegou a dizer que integrantes da pasta não conversavam com ele porque Guedes proibia.

No início de outubro, os dois selaram a paz em um jantar promovido especialmente com esse objetivo na casa do ministro do TCU (Tribunal de Contas da União) Bruno Dantas.

* Com informações do Estadão Conteúdo

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