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Fundador de seita sexual Nxivm é condenado a 120 anos de prisão nos EUA

28/10/2020 15h03

Nova York, 27 out (EFE).- O fundador da seita sexual Nxvim, que atuava disfarçada como um grupo de autoajuda, Keith Raniere, de 60 anos, foi condenado nesta terça-feira a 120 anos de prisão por um tribunal de Nova York após ter sido considerado culpado, em junho de 2019, por tráfico sexual de adultos e menores, posse de pornografia infantil e crime organizado, entre outras acusações.

Com a sentença expedida pelo juiz Nicholas Garaufis, o americano, que foi descrito como "predador sexual", "racista", "mentiroso" e "sádico" por 15 vítimas que testemunharam nesta terça-feira, passará o resto da vida atrás das grades.

O caso chamou a atenção da mídia devido ao envolvimento de vários famosos, como as atrizes Allison Mack, da série Smallville, e Nicole Clyne, da série Battlestar Galactica, além da herdeira da multinacional canadense Seagram, Clare Bronfman.

Durante a audiência, que durou cerca de seis horas, uma mulher identificada como Camila, hoje com 30 anos, afirmou que Raniere começou a abusar sexualmente dela no dia 18 de setembro de 2005, quando ela tinha apenas 15 anos, e ele, 46.

"Ele queria que eu acreditasse que meu único valor vinha de como ele fazia eu me sentir", disse Camila, a primeira a testemunhar sobre sua relação com Raniere, que pediu que ela passasse a comemorar seu aniversário na mesma data em que sofreu o abuso pela primeira vez, segundo o jornal "The New York Times".

"Levei muito tempo para processar o trauma que isso causou", acrescentou a mulher, que manteve relações sexuais com Raniere por 12 anos e que acabou isolada de sua família e de seus amigos por causa dele.

Raniere, por sua vez, não demonstrou nenhum remorso, e seus advogados afirmaram que ele não se arrependia "de seus comportamentos, nem de suas escolhas".

"É verdade que não me arrependo dos crimes que acredito que, na verdade, não cometi. Mas lamento profundamente toda essa dor", afirmou o fundador da seita ao tribunal.

O julgamento de Raniere tratou principalmente de acontecimentos relacionados a um subgrupo feminino da Nxvim, chamado DOS. Algumas das integrantes foram marcadas com as iniciais do líder do culto em uma dolorosa cerimônia na qual a pele delas era cauterizada em uma área próxima ao púbis e sem anestesia.

Em um vídeo da cerimônia de iniciação do DOS, é possível ver como as mulheres, nuas, ficavam deitadas sobre uma mesa e pronunciavam as palavras: "Mestre, por favor, me marque".

Algumas das mulheres que testemunharam durante o julgamento explicaram que pensavam que estavam entrando em um grupo de empoderamento feminino, e só descobriam mais tarde que apenas estavam sendo levadas a fazer sexo com Raniere.

Além do relacionamento com o líder, a adesão ao DOS exigia que as "escravas" pedissem permissão para comer e entregassem material gráfico ou informações comprometedoras, que poderiam ser usadas por ele para chantageá-las caso se recusassem a cumprir ordens.

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