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Presidente argentino descarta desvalorizar peso: "máquina de gerar pobreza"

26/10/2020 18h50

Buenos Aires, 26 out (EFE).- O presidente da Argentina, Alberto Fernandez, afirmou que não vai ceder à pressão do que chamou de "algumas pessoas poderosas" para pressionar por uma desvalorização do peso, alegando que "essa não é a solução" para "obter dólares", mas uma "máquina para gerar pobreza", em um contexto em que a diferença entre a taxa de câmbio oficial e a paralela - o chamado 'dólar blue' - é de 139%.

"Desvalorizar é muito fácil, mas desvalorizar é uma máquina para gerar pobreza", disse Fernandez em uma cerimônia de entrega de imóveis populares no município de Ezeiza, na província de Buenos Aires.

"Muitos querem que nos desviemos e nos fazer acreditar que temos que atender a outros problemas, que são os problemas de pequenas minorias que sempre tomaram conta da Argentina. E essas minorias querem que você responda a seus interesses e esqueça o que todos esses argentinos estão precisando", argumentou.

OBTER DÓLARES COM CRESCIMENTO.

O presidente argentino afirmou apostar em um país "que cresce, que se desenvolve, que dá empregos, que produz e exporta".

"É assim que queremos obter os dólares. Não colocando o dólar ao preço que algumas pessoas poderosas precisam. Essa não é a solução. Continuaremos trabalhando, e se eles quiserem lutar, nós lutaremos", declarou.

Esta não é a primeira vez que o presidente e seu ministro das finanças, Martín Guzmán, negam que o governo planeje desvalorizar a moeda.

"Não viemos ao governo para cruzar nossos braços ou para obedecê-los (a quem interessa a desvalorização), mas para obedecer àqueles que votaram em nós e para fazer uma Argentina que nos inclua a todos", disse Fernández.

O dólar oficial no país está cotado a 78,25 pesos, mas o informal 'dólar blue' era negociado a 187 pesos nesta segunda, depois de atingir o recorde de 195 na última sexta-feira.

CRÍTICAS AO GOVERNO MACRI.

Durante a cerimônia de entrega de imóveis populares de hoje, Fernández anunciou o reinício de obras habitacionais nas províncias de Formosa e La Rioja que estavam pardas.

"Se alguém quer saber o que está acontecendo com a Argentina que está desvalorizando, ouçam Gildo (Insfran, governador da província de Formosa e membro do Partido Justicialista) novamente sobre o que aconteceu quando eles (governo anterior, de Mauricio Macri) levaram o dólar de 9 para quase 15 (pesos). O que aconteceu com a Argentina? Eles paralisaram essas obras que, por causa do Plano de Reconstrução, estamos implementando em Formosa", alegou.

Insfrán havia declarado que, devido à desvalorização ocorrida no governo Macri (2015-2019), obras de cerca de 1.300 casas populares que já haviam sido licitadas tiveram que passar por um novo processo licitatório para que fossem construídas e entregues.

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