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Com 100 mil casos diários de Covid-19, França enfrenta "segunda onda brutal"

26/10/2020 08h15

O número de casos de Covid-19 na França é, na realidade, o dobro do que vem sendo contabilizado oficialmente, disse nesta segunda-feira (26) o presidente do Conselho Científico, Jean-François Delfraissy. De acordo com ele, o país está diante de uma "segunda onda brutal".

Em entrevista à rádio francesa RTL, o presidente do Conselho Científico da França declarou que para controlar a rápida propagação do vírus existem duas maneiras. A primeira é ampliar o horário do toque de recolher, atualmente estipulado entre 21h e 6h, inclusive no fim de semana.

Caso a medida não traga resultados em cerca de 15 dias, Delfraissy defende que a única solução será determinar um novo lockdown. "Tínhamos previsto uma segunda onda, mas estamos surpresos com o que está acontecendo nos últimos dez dias", disse. "A segunda onda será pior do que a primeira", alertou Delfraissy.

A França registrou mais de 53 mil casos nas últimas 24 horas, mas o número real é provavelmente duas vezes maior, salientou o presidente do Conselho Científico. "Muitos cidadãos ainda não se conscientizaram do que nos espera", reiterou.

Esta é a primeira vez que o país registra um número tão elevado de contaminações, desde que o governo adotou uma política massiva de testes, em junho.

Caso um toque de recolher mais restritivo não funcione, as autoridades podem impor um lockdown "diferente do mês de março", explicou Delfraissy. A ideia é ampliar o trabalho à distância, sem generalizá-lo, manter as escolas abertas, em condições ainda pouco claras, e preservar algumas atividades econômicas. A reabertura, segundo o presidente do Conselho Científico francês, deveria ocorrer paulatinamente. 

Segundo ele, as medidas podem funcionar se forem aplicadas rapidamente. Ele lembrou, entretanto, que a função do Conselho Científico é apenas de consultoria junto ao governo. O órgão, criado no início da crise sanitária na França, não tem poder de decisão. 

As duas estratégias serão apresentadas ao Executivo, mas as determinações das medidas são "totalmente políticas". De acordo com o especialista, a nova onda pode durar cerca de dois meses. No entanto, Delfraissy se recusou a fazer previsões para o fim do ano. "Veremos o que será possível nas férias de Natal", declarou.

Vacina tem efeito em idosos

O jornal Financial Times publicou com exclusividade uma reportagem nesta segunda-feira (26) sobre os resultados preliminares de testes clínicos da vacina contra a Covid-19 desenvolvida pela Universidade de Oxford, em parceria com o grupo britânico AstraZeneca.

Segundo o diário, que consultou duas pessoas envolvidas nas pesquisas, a imunização foi eficaz nas pessoas mais velhas que participaram dos testes. Os resultados inspiram otimismo no cientistas, já que os maiores de 65 anos têm maior propensão para desenvolver formas graves da doença.

No entanto, o jornal lembra que ainda é cedo para saber se a vacina é definitivamente segura e realmente funciona nesta faixa etária. A imunização já havia se mostrado eficaz em pacientes saudáveis de 18 a 55 anos. Os detalhes devem ser publicados em breve. 

Na última sexta-feira (23), a Astra Zeneca anunciou ter retomado os testes clínicos nos Estados Unidos.

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