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Trudeau nega tentativa de antecipar eleição no Canadá

24/10/2020 16h53

Montreal, 24 Out 2020 (AFP) - O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, negou as alegações de que tentou pressionar pela antecipação da eleição para se beneficiar da crescente popularidade de seu governo durante a pandemia, e afirmou estar satisfeito por ter evitado essa possibilidade ao sobreviver a um voto de confiança no Parlamento, que pretendia criar um comitê para investigá-lo.

"Estou feliz por não ter eleição. Acho que todos estão felizes por isso", disse Trudeau em entrevista ao canal de língua francesa TBA, gravada na sexta-feira e transmitida neste sábado.

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"Ninguém quer eleições durante a pandemia", continuou o primeiro-ministro, que presidiu um governo minoritário no ano passado.

Trudeau ameaçou no início desta semana convocar uma eleição antecipada se os partidos da oposição no Parlamento aprovassem uma lei para criar um comitê anticorrupção para investigar um caso que afeta diretamente a ele e sua família, além dos gastos do governo relacionados à covid-19.

Trudeau disse que o projeto de lei de autoria da oposição paralisaria o trabalho do governo, em um momento em que o Canadá enfrenta uma segunda onda de infecções pelo novo coronavírus.

Mas a oposição e alguns analistas suspeitam que a ameaça do primeiro-ministro era um plano para convocar eleições e obter uma vantagem, dado seu alto nível de aprovação com a população pela maneira como seu governo lidou com a crise sanitária.

Na quarta-feira, a Câmara Baixa realizou um raro voto de confiança sobre a criação da comissão de inquérito.

Se o governo liberal de Trudeau tivesse perdido, um processo de eleições antecipadas teria sido iniciado, mas a ação da oposição foi derrotada graças ao apoio que o Novo Partido Democrata deu ao primeiro-ministro.

Na entrevista, Trudeau negou que tenha agido com uma agenda política em mente. "O único cálculo que fiz foi para ajudar mais as pessoas, como vamos apoiar as famílias em todo o país", disse.

O comitê proposto pelos conservadores tinha como objetivo analisar um contrato polêmico com a instituição de caridade WE para distribuir o equivalente a cerca de 760 milhões de dólares em ajuda a jovens.

Essa organização pagou à esposa, ao irmão e à mãe de Trudeau cerca de 300.000 dólares canadenses por palestras. Por conta da polêmica, o acordo foi cancelado e financiado por um ministro, que também tinha vínculo com a entidade.

O comitê também teria investigado a compra de ventiladores pelo governo e o lobby do marido da chefe de gabinete de Trudeau.

As últimas pesquisas dão aos liberais uma vantagem de quase sete pontos sobre os conservadores em futuras eleições.

et/dw/sst/lp/mls/am

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