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Polícia prende falso 'sugar daddy' suspeito de estuprar e ameaçar mulheres

Eliézer de Queiroz Moreira usava fotos de um jornalista americano e se intitulava como um "suggar daddy"  - Reprodução
Eliézer de Queiroz Moreira usava fotos de um jornalista americano e se intitulava como um "suggar daddy" Imagem: Reprodução
do UOL

Tatiana Campbell

Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro

24/10/2020 12h31

A Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu um homem acusado de se passar por um empresário milionário que aplicou golpes em ao menos 50 mulheres. Eliézer de Queiroz Moreira, 33, usava fotos de um jornalista americano, que ostenta carros e itens de luxo, e se intitulava como um "suggar daddy" - homem que oferece a mulheres dinheiro ou pagamento de contas, além de presentes e viagens, em troca de um relacionamento.

Ele foi preso em casa, em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, na quinta-feira (22), por agentes da 20ª DP (Vila Isabel). De acordo com o delegado Cristiano Maia, responsável pelas investigações do caso, mesmo sendo detido por diversos crimes, Eliézer Moreira não expressava qualquer tipo de reação:

"Ele não transmite nenhum sentimento. Nem nas palavras, nem no olhar e isso impressiona. Ele não se mostrou violento na hora da prisão. Quando fomos pegar ele, ele não fez nada. Ele fala de qualquer coisa com a mesma feição e ainda chegou com uma bíblia na mão. Ele é um artista, um sociopata total. Ele pensava muito bem, ele pensava as coisas justamente para dificultar a descoberta dele. Desde 2016 ele conseguiu ludibriar mais de 50 mulheres, inclusive algumas de outros estados. As vezes, em alguns casos, as vítimas informaram que ele ficava alterado, se ela não quisesse se relacionar com ele, ele a ameaçava, as vezes até de morte. Temos dois estupros confirmados. Não era só um golpe, ele tem esse perfil violento", explicou o delegado.

Eliézer de Queiroz Moreira usava fotos de um jornalista americano - Reprodução - Reprodução
Eliézer de Queiroz Moreira usava fotos de um jornalista americano
Imagem: Reprodução

Como o criminoso agia

Eliézer Moreira usava um perfil falso em um site de relacionamentos para atrair as vítimas. Ele exibia fotos do jornalista americano Freddy Shermann, com carros e itens de luxos, como sendo ele. Durante as conversas, o falso milionário dizia às mulheres que tinha um sobrinho, que sofria de depressão, e elas poderiam se relacionar com ele em troca de presentes, dinheiro e outras vantagens. Porém, o "sobrinho" era, na verdade, Eliézer. De acordo com a Polícia Civil, ele marcava os encontros sempre às sextas-feiras e enviava o comprovante do depósito. As vítimas pagavam os gastos de motel e restaurantes achando que receberiam o dinheiro para cobrir os gastos. Porém, quando chegava na segunda-feira, a transferência bancária não era feita.

"Ele inicialmente montou um perfil como sendo de Dubai, mas ele mesmo percebeu que não conseguiria, porque para conversar com as meninas ele precisava estar em um fuso horário mais próximo daqui. Então ele teve que mudar esse perfil para Miami. Ele usava as fotos do jornalista com o nome de "Fred Ginotti". Além disso, ele preferiu montar esse perfil de alguém que morasse no exterior para as vítimas pagarem em dólares, porque se ele oferecesse R$ 5 mil, R$ 6 mil, R$ 7 mil, na visão dele, perante as vítimas, soaria como um farol de alerta de golpe já que o valor seria alto. Porém, ele sendo americano, U$ 1 mil não seria nada de mais. Para ver a perfeição do golpe dele", apontou o delegado Cristiano.

As investigações mostraram que Eliézer chegou a receber em um dos golpes pouco mais de R$ 7 mil. Em outro caso, que, segundo a polícia chamou a atenção, foi que uma das vítimas tinha uma filha com câncer e ele prometeu que cuidaria do tratamento da menina em troca de favores sexuais.

Falso milionário já havia sido preso

De acordo com a polícia, o homem já havia sido preso temporariamente em agosto, porém por falta de consistência nas provas, ele foi solto no início de setembro. Agora, em outubro, os agentes conseguiram reunir todas as provas necessárias e Eliézer voltou a ser detido, desta vez, de forma preventiva:

"Ele tinha sido preso na temporária, isso não teve erro nenhum. Só que ainda precisava de algumas diligências, como o laudo no computador dele, o celular, para a materialidade ficar bem definida. Reconhecimento por parte das vítimas, porque é muito difícil uma vítima botar a cara em uma situação dessas. Então, primeiro, teve a prisão temporária, ele foi solto, em setembro, e assim que as diligências acabaram pedimos a prisão preventiva, foi bem rápido. E agora ele vai ficar preso até a condenação e as penas passam de 30 anos. Ele vai responder por quatro crimes: estupro, estelionato, corrupção de menores e constrangimento ilegal"

O UOL não conseguiu localizar a defesa de Eliézer de Queiroz Moreira.

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