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Pompeo se reúne com os chanceleres da Armênia e do Azerbaijão

23/10/2020 21h18

Washington, 24 Out 2020 (AFP) - O secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, se reuniu nesta sexta-feira (23) com seus pares da Armênia e do Azerbaijão, porém, não houve sinais de avanços para o fim das hostilidades na instável região de Nagorno Karabakh.

Pompeo apertou a mão e trocou cumprimentos, mas não fez mais comentários em suas respectivas reuniões no Departamento de Estado com o ministro das Relações Exteriores do Azerbaijão, Jeyhun Bayramov, e da Armênia, Zohrab Mnatsakanyan.

Os dois chanceleres haviam descartado uma reunião trilateral em Washington e Bayramov foi visto saindo um pouco antes da chegada de Mnatsakanyan.

Pompeo "ressaltou a necessidade de acabar com a violência e proteger os civis", informou o Departamento de Estado.

Ele também reiterou a posição dos Estados Unidos de que o conflito deve ser resolvido com base nos princípios de "não uso ou ameaça de força, da integridade territorial, dos direitos iguais e da autodeterminação dos povos".

Duas iniciativas de cessar-fogo fracassaram este mês e a Armênia reconheceu que o Azerbaijão conseguiu avanços militares no terreno.

Bayramov declarou ter dito a Pompeo que a "Armênia deve terminar a ocupação" de Nagorno Karabakh, uma região montanhosa reconhecida internacionalmente como parte do Azerbaijão e que está sob o controle de separatistas armênios apoiados por Yerevan.

"Estamos comprometidos em encontrar uma solução política para o conflito e retomar rapidamente as conversas necessárias", declarou, após conversar com Pompeo.

"A Armênia deve parar de evitar negociações significativas e optar pela paz duradoura", declarou.

No entanto, a Armênia afirma que o agressor é o Azerbaijão, a quem acusa de atacar intencionalmente lugares civis.

"Não há forma de que a segurança dos nossos compatriotas seja comprometida. Não há forma de que permitamos outra limpeza em Nagorno-Karabach", disse Mnatsakanyan ante o Atlantic Council.

O chanceler armênio qualificou as conversas com Pompeo como "muito animadoras" e reiterou a necessidade de que o Azerbaijão deixe de receber armas de sua aliada, a Turquia.

"O papel da Turquia tem sido estimular política e militarmente o Azerbaijão para considerar a ideia de que exista uma solução militar para este conflito", disse.

Os Estados Unidos reforçaram sua neutralidade no conflito, mas Pompeo criticou a Turquia e em uma entrevista recente descreveu as ações da Armênia como defensivas.

A embaixadora do Azerbaijão em Washington, Elin Suleymanov, disse que Pompeo "se expressou mal ou foi mal interpretado".

"Apreciamos o papel dos Estados Unidos. Também esperamos que os Estados Unidos continuem sendo um intermediário honesto, imparcial, porque esta é a chave das conversações", declarou Suleymanov à imprensa.

Os Estados Unidos copreside o chamado grupo de Minsk para Nagorno Karabakh, junto com a Rússia e a França.

A Rússia tem estado na primeira linha da diplomacia entre as duas ex-repúblicas soviéticas

O presidente russo, Vladimir Putin, declarou na quinta-feira que o número de mortos se aproxima de 5.000, no pior momento em Nagorno Karabakh em mais de duas décadas.

Pequenos grupos de manifestantes rivais que apoiavam a Armênia e o Azerbaijão se enfrentaram fora do Departamento de Estado na sexta-feira, separados por um oficial da Segurança Diplomática.

Os Estados Unidos abriga uma numerosa e politicamente ativa diáspora armênia, mas também tem laços estratégicos com o Azerbaijão, país de maioria muçulmana que tem fortes relações com Israel.

Nagorno Karabakh é um território povoado majoritariamente por armênios que se separou do Azerbaijão depois de uma guerra que causou 30 mil mortes nos anos 1990. Desde então, Baku acusa Yerevan de ocupar seu território e de terem incentivado surtos frequentes de violência.

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