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Pazuello segue firme no cargo, dizem auxiliares de Bolsonaro

Ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, ao lado do presidente Jair Bolsonaro em cerimônia de posse no Planalto - ADRIANO MACHADO
Ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, ao lado do presidente Jair Bolsonaro em cerimônia de posse no Planalto Imagem: ADRIANO MACHADO
do UOL

Do UOL, em Brasília

21/10/2020 12h11

Mesmo com a fala do presidente Jair Bolsonaro, que desautorizou Eduardo Pazuello sobre a compra da CoronaVac, o ministro da Saúde segue "firme no cargo", disseram à coluna dois auxiliares diretos do presidente.

Pazuello está em casa aguardando o resultado do teste de covid e, segundo interlocutores, pediu que sua equipe fosse a público tentar minimizar o desgaste causado após a declaração de Bolsonaro.

Coube ao secretário-executivo da pasta, Elcio Franco, dizer que "houve uma interpretação equivocada da fala do Ministro da Saúde".

"Em momento nenhum a vacina foi aprovada pela pasta, pois qualquer vacina depende de análise técnica e aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) e pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec)", disse.

A tese de erro de interpretação na fala de Pazuello serviu também como uma forma de acalmar Bolsonaro, que ficou irritado com a repercussão do caso. Segundo aliados, é possível que o presidente faça algum tipo de pronunciamento ainda hoje ou aproveite sua passagem por São Paulo para minimizar o desgaste com o mandatário da Saúde.

Pazuello havia sido claro ao afirmar que "a vacina do Butantan será vacina do Brasil" e anunciar a compra de 46 milhões de doses da coronavac.

Hoje pela manhã, no entanto, conforme mostrou o UOL, o secretário de Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, ligou para o ministro Pazuello para conversar sobre o acordo que costuram há pelo menos dois meses. Pazuello garantiu que a dificuldade na tratativa é sobre a importação da China das 6 milhões de doses da vacina produzidas naquele país

Comprovação quando convém

É evidente que nenhum brasileiro quer ser "cobaia", como diz o presidente. As atitudes de Bolsonaro, entretanto, reforçam que ele politiza sim as vacinas e coloca à frente da intenção de imunizar as pessoas a disputa política com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB-SP).

Não é preciso ir muito longe para ver que o discurso e as atitudes de Bolsonaro mudam conforme lhe convém. Na segunda-feira, em cerimônia no Palácio do Planalto, Bolsonaro - que já foi um dos maiores garotos-propagandas da cloroquina - fez uma defesa de um novo medicamento a Nitazoxanida, conhecido como Annita.

A apresentação dos estudos com a droga, no entanto, foi falha, usou imagens ilustrativas, e ao menos para a população não garantiu a comprovação cientifica da mesma.

Além disso, Bolsonaro já deixou claro que não será obrigatória qualquer que seja a vacina. Ora, se as vacinas só serão colocadas ao público após aprovação de órgãos reguladores, porque o presidente proíbe a compra e não deixa também ao povo o livre-arbítrio para cada um escolher sua forma de imunização.

Enquanto a política domina a discussão, o Brasil segue acumulando mortes e contaminados pela doença.

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