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Condenação internacional e aumento da tensão na Nigéria após mortes em protesto pacífico

21/10/2020 16h48

Lagos, 21 Out 2020 (AFP) - Os protestos pacíficos em Lagos, Nigéria, que na terça-feira deixaram ao menos 12 mortos e 25 pessoas feridas, segundo uma ONG, aumentaram sua violência com prédios incendiados pela repressão com armas de fogo, condenada nesta quarta (21) pela UE e a ONU.

Ao menos 12 pessoas morreram na terça à noite nas mãos do exército e da polícia da Nigéria, que abriram fogo contra duas manifestações pacíficas em Lagos, capital econômica do país, denunciou nesta quarta à tarde a Anistia Internacional em um comunicado enviado à AFP.

A União Europeia julgou "crucial que os responsáveis por esses abusos compareçam à Justiça e que prestem contas", enquanto a ONU pediu "o fim da brutalidade e dos abusos policiais na Nigéria".

Apesar do toque de recolher, vários prédios foram incendiados nesta quarta-feira, como a sede de um canal de televisão relacionado a um eminente político do partido no poder, assim como uma estação de ônibus e inúmeros prédios públicos e privados.

O país está abalado pelo sangrento tiroteio de terça-feira contra manifestantes pacíficos. "Terça sangrenta", "Terça sombria" diziam as manchetes de inúmeros jornais nigerianos e nas redes sociais, onde os pedidos de renúncia do presidente Muhammadu Buhari se multiplicaram.

"As informações aportadas por testemunhas, vídeos e boletins dos hospitais permitem confirmar que entre as 18h45 (14h45 de Brasília) e as 21h (17h de Brasília) de terça, o exército nigeriano abriu fogo contra milhares de pessoas", informou a Anistia em seu comunicado.

O governador do estado de Lagos, Babajide Sanwo-Olu, admitiu apenas um morto vítima dos disparos.

"Recai sobre mim a responsabilidade deste incidente desgraçado e vou trabalhar com o governo federal para elucidar o que ocorreu", escreveu nesta quarta no Twitter o governador, acrescentando que "em Lekki foram mobilizados elementos do exército nigeriano".

A presidência da Nigéria pediu "calma" aos manifestantes em um comunicado publicado nesta quarta-feira pela manhã, sem mencionar a violência do dia anterior.

Milhares de jovens nas grandes cidades da Nigéria vão às ruas há duas semanas para denunciar a violência policial e o poder central. Até ontem, 18 pessoas, entre elas dois policiais, haviam morrido nos protestos.

As mais de 1.000 pessoas que tinham se reunido na terça-feira no pedágio de Lekki foram dispersas com tiros de munição letal, após o anúncio do toque de recolher total para sufocar o movimento de protesto iniciado há quase duas semanas.

Uma jornalista da AFP ouviu disparos perto de Lekki durante a madrugada de terça para quarta-feira, enquanto os distritos de negócios das ilhas de Lagos e todas as lojas dessa cidade de 20 milhões de habitantes permaneciam fechados.

Nos vídeos divulgados pelas redes sociais é possível ver homens com uniforme militar atirando com armas de fogo, mas no Twitter o exército qualificou as imagens de "fake news".

- Joe Biden e Rihanna -Na terça-feira, a polícia anunciou a mobilização imediata em todo o país de sua unidade antidistúrbios como resposta aos confrontos em várias manifestações.

Na manhã desta quarta-feira, a indignação tomou conta das redes, saltando para além das fronteiras nigerianas.

O candidato democrata à Presidência dos Estados Unidos, Joe Biden, pediu "ao presidente Buhari e aos militares que interrompam a violenta repressão que custou a vida de vários manifestantes", segundo texto publicado em sua página na internet.

As estrelas da música Beyoncé e Rihanna também reagiram. Beyoncé escreveu no Instagram: "estou com as irmãs e irmãos nigerianos", enquanto Rihanna escreveu no Twitter: "Não suporto ver a tortura e brutalidade que nossos países ainda vivem".

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