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Bolsonaro diz que espera assistir à posse de Trump

20/10/2020 16h44

Brasília, 20 Out 2020 (AFP) - O presidente Jair Bolsonaro disse nesta terça-feira (20) que espera assistir à posse de Donald Trump como presidente "reeleito" dos Estados Unidos, em uma nova demonstração de apoio ao seu aliado republicano duas semanas antes das eleições presidenciais americanas.

Os dois governos assinaram vários protocolos para reforçar suas relações comerciais e Washington prometeu créditos no valor de um bilhão de dólares para o setor de telecomunicações e 5G, com a esperança de que o Brasil barre a chinesa Huawei.

"Espero, se essa for a vontade de Deus, comparecer à posse do presidente [que será] brevemente reeleito nos EUA. Não preciso esconder isso [minha preferência], é do coração, não interfiro, mas do coração, e pelo respeito que tenho pelo povo americano, pelo trabalho e consideração que o Trump teve para conosco é que manifesto dessa forma neste momento", declarou em Brasília.

Bolsonaro, conhecido como "Trump Tropical", que fez do alinhamento a Washington um pilar de sua diplomacia, deu estas declarações durante a visita a Brasília do conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Robert O'Brien, que afirmou que seu país e o Brasil "estão mais unidos do que nunca".

O presidente brasileiro, que desde que chegou ao poder não escondeu seu apoio a candidatos conservadores nas eleições da Argentina e da Bolívia, tentou durante meses mostrar certa equidistância ante as cruciais eleições americanas.

Mas há três semanas, teve um encontrão com o candidato democrata à Casa Branca e favorito nas pesquisas de intenção de voto, Joe Biden, que ameaçou no primeiro debate da campanha com consequências econômicas ao Brasil se o país continuar desmatando.

Na ocasião, Bolsonaro advertiu que a declaração "desastrosa e gratuita" de Biden punha em risco a "convivência cordial" entre as duas maiores economias do continente.

Dois dias depois, quando foram divulgados os exames positivos para o novo coronavírus de Trump e sua esposa, Melania, o presidente brasileiro desejou uma pronta recuperação ante a "campanha pela reeleição".

"Vocês vencerão e sairão mais fortes, pelo bem dos EUA e do mundo", afirmou.

- 5G na mira - A visita de O'Brien se enquadra nos esforços do governo Trump por frear o avanço da influência chinesa na região, pela espinhosa questão da 5G (tecnologia capaz de fornecer internet móvel de altíssima velocidade), o último capítulo da tensão entre a China e os Estados Unidos, respectivamente o primeiro e o segundo parceiros comerciais do Brasil.

O Brasil prevê licitar esta tecnologia no primeiro semestre de 2021. A opção estará entre a chinesa Huawei, à qual Trump acusa de servir à espionagem de Pequim, e suas concorrentes, entre elas as europeias Ericsson e Nokia, apoiadas pelo presidente americano.

Nesta terça, as duas delegações assinaram em Brasília um memorando para que o Export-Import Bank (Exim Bank), banco estatal de fomento norte-americano, financie créditos de 5,6 bilhões de reais (cerca de US$ 1 bilhão) para a importação de bens e serviços dos Estados Unidos.

Após a assinatura, O'Brien disse que estes créditos serão destinados a importações "especialmente na área das telecomunicações e da importante rede moderna de telecomunicações 5G".

A Suécia se tornou nesta terça o segundo país europeu, depois do Reino Unido, a proibir a Huawei em sua futura rede 5G, seguindo o caminho dos Estados Unidos.

Na segunda-feira, primeiro dia da visita do conselheiro de Segurança Nacional americano, os dois governos assinaram três protocolos (sobre facilitação do comércio, práticas regulatórias e medidas contra a corrupção) que foram incorporados a um acordo bilateral de aprofundamento das relações comerciais em vigor desde o ano passado.

Analistas destacaram que o Brasil quis que o protocolo fosse assinado antes das eleições americanas, que geram incertezas sobre o futuro das relações bilaterais caso Biden vença.

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