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França: homenagem nacional a professor decapitado está marcada para quarta-feira (21)

17/10/2020 15h42

Centenas de pessoas foram neste sábado (17), espontaneamente, prestar homenagem ao professor de História e Geografia Samuel Paty, morto na sexta-feira (16) na cidade de Conflans-Saint-Honorine, a 50 km de Paris, por um terrorista de origem russa. Manifestações contra a barbárie deste crime ocorreram em outras cidades da França, como Nice e Rennes. Uma homenagem nacional ser prestada na próxima quarta-feira (21) em coordenação com a família do professor assassinado, anunciou o Palácio do Eliseu.

Políticos de todos os espectros planejam participar de homenagens em dezenas de cidades da França neste domingo (18), incluindo uma na Praça da República, em Paris, dois dias após a decapitação do professor.

Na capital francesa, a homenagem está marcada para as 15h deste domingo (10h em Brasília), a pedido de diversos sindicatos e associações de professores, além do jornal Charlie Hebdo, que publicou as caricaturas de Maomé.

A Praça da República, tradicional local de manifestações em Paris, foi o epicentro da manifestação em 11 de janeiro de 2015 - alguns dias após os ataques terroristas ao jornal satírico Charlie Hebdo e ao supermercado Hyper Cacher -, que reuniu cerca de 1,5 milhão de participantes.

Dez pessoas se encontram sob custódia policial neste sábado (17), um dia após a decapitação do professor Samuel Paty, que havia mostrado caricaturas de Maomé a seus alunos numa aula sobre liberdade de expressão.

Este crime ocorreu três semanas após um atentado a facão perto da antiga sede do Charlie Hebdo. O agressor, morto pela polícia logo após o ataque, é um jovem checheno de 18 anos, nascido em Moscou e refugiado na França.

#EuSouEducador

A Associação de Prefeitos da França apelou neste sábado a todos os municípios que prestem homenagem a Samuel Paty, propondo que exponham a hashtag #JeSuisEnseignant (Eu sou Educador) nas sedes das prefeituras. A associação pede também que respeitem um minuto de silêncio na próxima reunião das Câmaras Municipais e que escolham um dia para colocar a bandeira a meio mastro.

A RFI ouviu Christine Guimonnet, secretária geral da Associação de Professores de História e Geografia da França, sobre o crime que chocou a França.

"Dá muito medo, porque agora estamos todos estarrecidos, é um choque profundo. O que se passou é extremamente violento, e todos os meus pensamentos vão para o nosso colega e a sua família", disse.

"O ensino, num Estado democrático, tem como objetivo de instruir os alunos, de desenvolver neles o acesso ao conhecimento, à reflexão, à razão - sejam eles religiosos ou não", completou Guimonnet.

A professora fez questão de dizer que ela e seus colegas ensinam para dar aos alunos as chaves de compreensão do mundo, da História, da Geografia. 

"O que nós inculcamos é o senso do debate, da democracia, que não é somente o direito de voto, mas também o debate, mesmo - e sobretudo - quando não estamos de acordo. Quando temos opiniões diferentes, a gente deve falar, trocar ideias, não se estapear nem matar alguém", finaliza.

 

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