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Sombra da extrema-direita paira sobre o mandato de Trump

30/09/2020 19h37

Washington, 30 Set 2020 (AFP) - De Charlottesville a Cleveland, a sombra da violenta extrema-direita paira sobre o mandato do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, frequentemente acusado de ambiguidades em suas negociações com os supremacistas brancos.

Trump tentou nesta quarta-feira(30) desarmar a polêmica criada por suas declarações durante o debate com o candidato democrata à Casa Branca, Joe Biden, quando disse que os Proud Boys, um pequeno grupo nacionalista, tinham que "recuar e esperar".

A frase gerou uma onda de críticas. Diante da imprensa, Trump exortou as milícias de extrema-direita a deixarem a polícia "fazer seu trabalho" diante da violência cometida, segundo ele, por ativistas antifascistas que há vários meses se manifestam contra o racismo e a brutalidade policial em todo o país.

Essas marchas às vezes terminam em confrontos violentos com a polícia ou grupos paramilitares. Dois antifascistas e um membro de um pequeno grupo de extrema-direita foram mortos durante as manifestações.

"Não sei quem são os Proud Boys. Tudo o que posso dizer é que eles precisam dar um passo atrás e deixar a polícia fazer seu trabalho", disse o presidente, garantindo que "sempre denunciou" os partidários da supremacia branca.

A campanha de Trump já havia tentado reduzir os danos.

"Ele disse que eles deveriam se retirar, ele estava errado, ele está mais do que feliz em condenar" a extrema-direita, disse seu filho, Donald Trump Jr, à CBS na terça-feira.

- Uma frase que virou slogan -Os democratas condenaram por unanimidade as palavras de Trump durante o debate em Cleveland, Ohio.

"Não há outra maneira de colocar isso: o presidente dos Estados Unidos se recusou a repudiar os supremacistas brancos durante o debate da noite passada", disse Biden no Twitter.

"Minha mensagem para os Proud Boys e para todos os outros grupos de supremacia branca é parem e desistam", insistiu ao falar com um grupo de jornalistas em Ohio.

O grupo paramilitar, fundado em Nova York em 2016 apenas por homens e que apoia Trump, transformou a frase do presidente "Stand Back, Stand By" em seu slogan na noite de terça-feira, colocando-a nas redes sociais e em camisetas.

"O presidente Trump disse aos Proud Boys para esperarem porque alguém tem que lidar com o ANTIFA ... bem, senhor! Estamos prontos", disse Joe Biggs, um dos militantes dos Proud Boys, na Parler, uma rede social semelhante ao Twitter que não bloqueia extremistas.

- "Supremacia Branca" -Em agosto de 2017, centenas de ativistas de ultradireita se reuniram em Charlottesville, Virgínia, onde enfrentaram manifestantes antirracistas.

Um simpatizante neonazista atropelou uma multidão com um veículo, matando uma pessoa e Ferindo 19.

Trump foi duramente criticado ao afirmar que nesses confrontos havia "gente boa de ambos os lados", lembrou Biden na noite de terça-feira.

Desde 2017, ações violentas de simpatizantes da extrema-direita se multiplicaram nos Estados Unidos.

Um ataque a uma sinagoga de Pittsburgh matou 11 pessoas em 2018, um ato condenado por Trump.

Em agosto de 2019, um jovem americano matou 22 pessoas, a maioria hispânicos, por motivos racistas, em um hipermercado em El Paso, Texas.

Diante do movimento de indignação contra o racismo e a brutalidade policial contra os afro-americanos que varre o país desde o final de maio, Trump denuncia a violência perpetrada, segundo ele, por ativistas radicais de esquerda.

E em meio à discussão sobre o passado escravista do país, ele critica o que considera "uma campanha para apagar a história" americana.

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