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Governo espanhol anuncia acordo para estender medidas contra covid-19 em Madri

30/09/2020 19h02

Madri, 30 Set 2020 (AFP) - O governo espanhol anunciou nesta quarta-feira (30) um acordo para ampliar as restrições de mobilidade que visam conter o contágio pelo coronavírus. A ideia é estender as medidas já em vigor em algumas áreas de Madri para toda a capital e outras áreas da região onde a situação epidemiológica é preocupante.

A norma elaborada pelo Ministério da Saúde prevê impor à capital de 3,2 milhões de habitantes e municípios vizinhos as medidas já em vigor desde a semana passada nas áreas mais afetadas: os moradores não podem deixar seus bairros a não ser para trabalhar, ir ao médico ou levar seus filhos à escola.

"Este acordo foi aprovado pela ampla maioria", disse o ministro da Saúde, Salvador Illa, após reunião com autoridades de todas as regiões autônomas do país, competentes em matéria de saúde.

O chefe da saúde de Madri, Enrique Ruiz Escudero, porém, disse em coletiva de imprensa que o acordo "não é legalmente válido" porque não foi aprovado por unanimidade na reunião.

Embora algumas regiões tenham votado contra a norma, incluindo Madri, o decreto "deve que entrar em vigor" assim que for publicado no diário oficial do Estado, em data ainda a ser determinada, afirmou Illa, que disse não considerar "que uma decisão colegiada que afeta a saúde pública não seja adotada". "A situação em Madri é complexa e preocupante", acrescentou.

O governo do socialista Pedro Sánchez pressionava há semanas Madri, comandada pela direita, para estender a toda a capital e a alguns municípios vizinhos as restrições em vigor desde a semana passada nos bairros mais prejudicados.

Agora, essas medidas serão aplicadas às áreas que tiveram uma incidência de mais de 500 casos por 100 mil habitantes nas últimas duas semanas, uma taxa de ocupação das unidades de terapia intensiva maior que 35% (em Madri é de 40%, segundo Illa) e um percentual de resultados positivos nos testes de PCR de 10%.

Na prática, isso significa que as regras precisam ser aplicadas em vários municípios da Comunidade de Madri, que cumprem os três pressupostos, a começar pela capital, onde vivem 3,2 milhões de pessoas. Há na cidade uma incidência acumulada nos últimos 14 dias de 777 casos confirmados por 100 mil habitantes, segundo dados oficiais.

Nessas áreas, outras restrições também entrarão em vigor, como reduções de capacidade e horários de lojas e bares.

Nos últimos dias, várias manifestações reuniram centenas de pessoas para protestar contra o confinamento parcial.

"Mesmo não sendo médica, há coisas que não batem: por que posso ir trabalhar e não passear?", apontou a professora de Ciência Política Paloma Román à AFP. Ela alertou para um possível "conflito social" em um momento em que "os políticos não passam confiança".

Para impor o confinamento, o governo teve que decretar estado de alarme, um regime de emergência que lhe permite assumir poderes no âmbito da saúde, que depois voltarão a caber às regiões.

Com quase 770 mil casos notificados e 31.800 mortes, a Espanha é um dos países mais afetados pela pandemia do novo coronavírus.

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