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Republicanos abrem caminho para votar sobre candidato de Trump à Suprema Corte

22/09/2020 21h35

Washington, 23 Set 2020 (AFP) - Nesta terça-feira (22), os republicanos abriram caminho para votar a nomeação que o presidente Donald Trump fará no sábado para preencher uma vaga na Suprema Corte antes da eleição de 3 de novembro, apesar da indignação dos democratas.

O senador republicano Mitt Romney, um dos raros críticos de Trump no partido, anunciou que não se oporá a uma votação do Senado para confirmar quem o mandatário nomear para suceder a juíza progressista Ruth Bader Ginsburg na Suprema Corte.

A morte de Ginsburg na sexta-feira aos 87 anos e seu último desejo de que seu substituto fosse nomeado pelo governo votado nas eleições abalou a tensa campanha eleitoral nos Estados Unidos.

"Vou anunciar a indicação para a Suprema Corte no sábado na Casa Branca", disse Trump, em coletiva que começará às 17h00 locais (19h00 no horário de Brasília). Ele havia manifestado sua disposição de aguardar o término do funeral de Grinsburg.

Trump lança, assim, uma nova batalha política que se anuncia cheia de polêmica, para votar em seu candidato em tempo recorde.

- Abuso ou direito? -Os democratas, liderados pelo rival eleitoral de Trump, Joe Biden, exigem que os republicanos - que detêm a maioria no Senado - se abstenham de ratificar a nomeação para preencher a vaga na alta corte antes da eleição.

Como exemplo, eles citam o que aconteceu em 2016 quando o ex-presidente Barack Obama tentou votar no sucessor de Antonin Scalia meses antes da eleição, mas sua tentativa não foi considerada na Câmara por ser um ano eleitoral.

Trump e Mitch McConnell, o líder da maioria republicana na Câmara Alta, dizem, entretanto, que continuarão com o processo.

Eles sustentam que têm o controle da Casa Branca e do Senado e que têm o direito constitucional de preencher as vagas na corte a qualquer momento.

McConnell já afirmou que a votação acontecerá "neste ano".

Com a atual composição do Senado, os democratas nada podem fazer para evitar a substituição, exceto buscar capitalizar a situação para obter algum ganho político sobre os republicanos, denunciando o que Biden chamou de "abuso de poder" e uma "afronta aos princípios constitucionais".

- Todos de olho no Senado -Agora, todos estão de olho no Senado, depois que dois senadores republicanos se afastaram da maioria das 53 cadeiras contra 47 democratas.

O rebelde senador Romney, que às vezes se esquiva da posição de seu partido e votou contra Trump no impeachment, anunciou que não se oporá à votação.

"Penso em seguir a Constituição e os precedentes ao considerar o candidato a Trump", disse ele em comunicado.

E acrescentou que "se uma indicação chegar ao Senado, votarei de acordo com suas qualificações".

Seu correligionário Cory Gardner segiu a mesma linha.

- Uma mulher -Trump anunciou que vai designar uma mulher e entre as finalistas está Barbara Lagoa, magistrada conservadora de Miami de origem cubana.

A Suprema Corte decide uma ampla gama de questões, desde o direito ao aborto, questões de imigração e até mesmo o acesso à saúde.

A mais alta corte é composta por nove juízes e, antes da morte de Ginsburg, os conservadores tinham uma maioria de 5 a 4, mas às vezes juízes mais moderados votam com os progressistas.

Se Trump, que já teve oportunidade de nomear dois de seus magistrados, conseguir nomear um terceiro, o novo saldo será de 6 contra 3.

A atual composição do Tribunal com número par de magistrados abre a possibilidade de empate, complicando a situação caso os dilemas relacionados à eleição de 3 de novembro cheguem à corte.

O líder da minoria democrata no Senado, Chuck Schumer, acusou McConnell de "profanar" a Câmara Alta como nunca ninguém havia feito antes, o que poderia "destruí-la".

Para Schumer, estão em risco o sistema de saúde pública, os direitos das mulheres, dos homossexuais, além de direitos de trabalho e civis.

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