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Covid-19: avião pode ser fretado para resgatar bebês nascidos de barriga de aluguel na Rússia

22/09/2020 17h23

Com o fechamento das fronteiras, dezenas de pais estrangeiros estão separados de seus filhos nascidos de barriga de aluguel na Rússia durante a pandemia de Covid-19. As autoridades russas já cogitam fretar um avião especial para que as crianças possam deixar o país.

Desde março, as fronteiras foram fechadas para a maior parte dos estrangeiros na Rússia, um dos poucos países onde a barriga de aluguel é autorizada como uma atividade comercial. Segundo informações divulgadas no final de agosto, apenas em São Petersburgo pelo menos 30 mulheres deram à luz bebês para casais chineses durante esse período. Mas como os pais não podem entrar no território russo, as crianças estão aguardando em orfanatos.

"Elas foram registradas com nomes chineses e passam bem", garantiu nesta terça-feira (22), durante uma coletiva de imprensa, Anna Mitianina, encarregada das Direitos das Crianças em São Petersburgo. Outros bebês, gestados por barrigas de aluguel, também seguem bloqueados no país, mas o paradeiro deles é desconhecido. Segundo Anna Mitianina, as agências que organizam a constratação das mães de substituição "são muito opacas e preferem não compartilhar as informações sobre suas atividades".

No entanto, as autoridades russas decidiram desbloquear a situação. "Nós cogitamos a possibilidade de fornecer vistos e organizar um voo humanitário decolando de Pequim para que os pais chineses possam recuperar seus filhos", declarou Anna Mitianina.

Casos similares foram registrados em maio na Ucrânia, um dos primeiros países da Europa a fechar suas fronteiras para combater a pandemia de Covid-19. Kiev proibiu a entrada de estrangeiros, bloqueando dezenas de bebês recém-nascidos em seu território.

Prática recorrente entre casais chineses

Não há dados oficiais sobre o número de casais chineses que recorrem à barriga de aluguel no exterior. Mas as agências que organizam as transações constatam um aumento de pedidos vindos da China, onde a prática é proibida desde 2001, tanto para transações de cunho comercial quanto solidárias, como no Brasil.

Várias razões explicam essa recrudescência de pais chineses na fila da barriga de aluguel no exterior. Além da alta do nível de vida da população, um estudo divulgado em 2017 aponta que um em cada quatro casais em idade de procriar sofre de infertilidade no país. O problema seria ligado, segundo algumas pesquisas, aos níveis elevados de poluição na China, que teriam um impacto na fertilidade masculina. A mudança da legislação em 2016, que flexibilizou a regra do filho único no país, também suscitou a vontade de casais que já tinha ultrapassado a idade de procriação.

Os pais chineses pagam entre US$ 35 mil e US$ 70 mil para que mulheres gerem seus bebês no exterior. A Rússia é um dos destinos mais procurados, além da Ucrânia, Laos, Geórgia e os Estados Unidos (país onde a prática custa bem mais caro).

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