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Macron diz que pode reter ajuda ao Líbano se houver demora em reformas

Presidente da França, Emmanuel Macron, durante visita à área portuária de Beirute, no Líbano -
Presidente da França, Emmanuel Macron, durante visita à área portuária de Beirute, no Líbano

Raya Jalabi e Christian Lowe

01/09/2020 18h52

BEIRUTE (Reuters) - O presidente francês, Emmanuel Macron, deu, nesta terça-feira, prazo aos políticos libaneses para que até o fim de outubro comecem a realizar as reformas ou então uma ajuda financeira será retida e sanções serão impostas mais adiante, se houver comprovação de corrupção.

Em entrevista coletiva em Beirute, Macron também disse que os líderes políticos libaneses concordaram em formar um governo de notáveis nas próximas duas semanas para ajudar a traçar um novo caminho para a nação do Oriente Médio, que enfrenta o peso de uma derrocada econômica.

"Não há cheque em branco", disse Macron em sua segunda visita em menos de um mês para pressionar por ações para enfrentar uma crise financeira provocada pela corrupção enraizada e má gestão, que são as maiores ameaças à estabilidade do Líbano desde a guerra civil. "Se a classe política falhar, então não viremos em ajuda ao Líbano", disse.

Macron disse que não poderia excluir sanções específicas se houver corrupção comprovada, mas que as sanções não estavam na agenda para outubro.

No centro de Beirute, tropas de choque e veículos blindados dispararam gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes fora do Parlamento, durante ato para expressar revolta pela má gestão e corrupção que arrastaram o Líbano para a crise. Alguns manifestantes atiraram pedras.

As tropas de choque também se posicionaram fora do local onde Macron se encontrou com líderes políticos e religiosos libaneses. Um grupo segurava uma faixa com os dizeres: "A legitimidade vem do povo".

Macron, que visitou o porto de Beirute que foi destruído em uma explosão de 4 de agosto, ampliando a crise nacional, disse que está buscando "compromissos críveis" e "um mecanismo de acompanhamento exigente" dos líderes libaneses, incluindo uma eleição legislativa em seis a 12 meses.

Os políticos libaneses, alguns deles ex-combatentes responsáveis por décadas de corrupção em escala industrial, enfrentam uma tarefa intimidadora, já que a economia está derretendo, uma parte de Beirute foi arrasada por uma explosão enorme no porto e as tensões sectárias estão aumentando.

A pressão de Macron, que disse que iria fazer uma visita novamente em dezembro, já levou os principais partidos a chegarem a um acordo sobre um novo primeiro-ministro, Mustapha Adib, que pediu a rápida formação de um governo e prometeu implementar reformas rapidamente para garantir um acordo com Fundo Monetário Internacional (FMI).

Macron, que visitou Beirute no início de agosto logo após a explosão portuária que matou mais de 190 pessoas, afirmou que a comunidade internacional precisa se manter concentrada na emergência do Líbano durante seis semanas.

Ele disse que a França está disposta a ajudar a organizar e sediar uma conferência internacional, em coordenação com a Organização das Nações Unidas (ONU), em outubro.

Embora Macron tenha assumido o papel central ao exigir mudanças, outras potências estrangeiras ainda exercem grande influência no Líbano, notadamente o Irã, por meio do grupo xiita fortemente armado Hezbollah.

*Reportagem adicional de Yara Abi Nader, Michel Rose e Matthieu Protard em Paris

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