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Reino Unido registra recessão histórica após queda de 20,4% do PIB no 2º trimestre

12/08/2020 10h50

A economia do Reino Unido, gravemente afetada pela crise do coronavírus, sofreu no segundo trimestre uma queda expressiva de 20,4%. A recessão registrada nos seis primeiros meses deste ano no país é recorde.

De acordo com o Instituto Nacional de Estatísticas (ONS, na sigla em inglês), que publicou os resultados nesta quarta-feira (12), esta é a primeira recessão técnica - ou seja, dois trimestres consecutivos de contração do Produto Interno Bruto (PIB) - desde a crise financeira de 2009. O ONS destaca que a queda, que começou a ser sentida em março, foi especialmente difícil em abril, quando a população do país permaneceu totalmente confinada e a atividade econômica foi paralisada.

Com a retomada das atividades nos setores da construção civil e de manufatura, os números começaram a melhorar em maio, quando o PIB avançou 2,4%, e em junho (+8,7%), graças à reabertura do comércio. No entanto, uma recuperação expressiva só deve ocorrer no próximo ano.

Essa é a pior recessão da economia britânica desde que o ONS começou a fazer os cálculos oficiais trimestrais, em 1955. O quadro reflete as restrições de viagens e atividades desde a entrada em vigor do confinamento no país, em 23 de março, e que teve uma duração mais prolongada que na maioria dos países europeus.

O Reino Unido registrou o pior resultado entre as economias da Europa no segundo trimestre, à frente da Espanha (-18,5%). O ONS explica que, somando os dois primeiros trimestres do ano, o retrocesso da economia britânica alcança 22,1%, "um dado um pouco menor que o registrado na Espanha (-22,7%), mas o dobro do resultado dos Estados Unidos (-10,6%)" no mesmo período.

Tempos difíceis

"Eu disse que tempos difíceis nos aguardavam, os números de hoje confirmam. Centenas de milhares de pessoas já perderam os empregos e, infelizmente, nos próximos meses muitas outras perderão também", afirmou o ministro britânico das Finanças, Rishi Sunak.  

O baixo rendimento do país, que tem o maior número de mortes provocadas pela Covid-19 na Europa, também pode ser atribuído a sua forte dependência dos serviços, particularmente os gastos de consumo, que caíram durante o confinamento. O fato de que muitos pais foram obrigados a interromper os trabalhos para cuidar dos filhos também teve um impacto importante, afirma a empresa de consultoria Pantheon Macro.

O impacto da pandemia e a paralisação das atividades foram suavizadas pelas medidas governamentais sem precedentes e bilhões de libras injetadas pelo Estado por meios de empréstimos ou subsídios ao emprego, assim como pelo Banco da Inglaterra, com a recompra de ativos ou taxas de juros praticamente nulas. No entanto, as "desvantagens estruturais" devem continuar freando a recuperação no terceiro e quarto trimestres, afirma a consultoria. 

A recessão provoca enormes problemas sociais, com uma redução de 730 mil pessoas entre os empregados de março a julho, de acordo com os números oficiais divulgados na segunda-feira (10). Quase todos os dias empresas anunciam cortes de postos de trabalho, preocupadas com o fim do programa de desemprego parcial previsto para outubro.

Para todo o ano de 2020, o Banco da Inglaterra prevê uma queda de 9,5% do PIB e uma recuperação lenta em 2021.

(Com informações da AFP)

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