Jornalista argelino Khaled Drareni condenado a três anos de prisão
Argel, 10 Ago 2020 (AFP) - O jornalista argelino Khaled Drareni, preso preventivamente desde o final de março, foi condenado nesta segunda-feira(10) a três anos de prisão, no final de um julgamento considerado um teste para a liberdade de informação e expressão na Argélia.
"É uma sentença muito dura para Khaled Drareni. Três anos de prisão incondicional. Estamos surpresos", disse à AFP Nuredin Benisad, advogado de seu grupo de defesa, que pretende apelar da decisão.
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Preso desde 29 de março Khaled Drareni, 40 anos, foi acusado de "incitar uma manifestação desarmada" e "atacar a unidade nacional" por cobrir uma manifestação em 7 de março em Argel pelo "Hirak", o Levante popular que abalou a Argélia por mais de um ano, até ser suspenso devido à pandemia de COVID-19.
Em 3 de agosto, o promotor havia solicitado quatro anos de prisão contra Drareni, diretor do portal de informações on-line Casbah Tribune e correspondente na Argélia do canal de televisão francófono TV5 Monde e da ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF).
A dura sentença surpreendeu seus colegas em Argel e gerou protestos de defensores da liberdade de expressão e da proteção de jornalistas em todo o mundo.
"Esta decisão mexe com o coração e a mente por sua natureza arbitrária, absurda e violenta. #FreeKhaled #FreeKhaledDrareni", tuitou o secretário-geral da RSF, Christophe Deloire, atacando "justiça sob ordens" e "perseguição judicial".
Em nota, a Anistia Internacional denunciou a "justiça travestida" e o "insulto flagrante" aos direitos humanos.
Além do jornalista independente, que se destacou pela cobertura do movimento de protesto iniciado em fevereiro de 2019, a justiça argelina também condenou duas figuras das manifestações, Samir Benlarbi e Sliman Hamituch, a dois anos de prisão (quatro meses incondicionais).
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