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Polêmico reinício das aulas nos EUA com casos de contágios entre estudantes

07/08/2020 18h30

Washington, 7 Ago 2020 (AFP) - O retorno às aulas presenciais começou em vários estados americanos, mesmo onde o coronavírus circula ativamente, forçando quarentenas para interromper as fontes de contágio entre os alunos.

Nos Estados Unidos, o início do ano letivo - regularmente em agosto - tem sido muito diferente neste ano por causa pandemia do coronavírus.

Grandes cidades como Chicago, Houston, Los Angeles e Miami decidiram iniciar as aulas virtualmente, enquanto outras autorizaram a volta às escolas.

O governador do estado de Nova York - epicentro da COVID-19 na primavera boreal - anunciou nesta sexta-feira que as escolas poderão reabrir presencialmente em áreas onde a taxa de teste positivo é inferior a 5%. Na maior parte do estado esse percentual gira atualmente em torno de 1%.

A cidade de Nova York, que anunciou a avaliação de um modelo híbrido com entre um e três dias de aulas presenciais, ainda não confirmou qual formato seus 1,1 milhão de alunos terão quando retomarem aos estudos em setembro.

Por outro lado, governadores de estados republicanos insistem que todos os alunos voltem às escolas, alinhados com o presidente Donald Trump. Esse é o caso no Mississippi, Geórgia, Tennessee ou Indiana, onde as escolas reabriram esta semana ou na semana passada.

Nessas regiões, a epidemia se estabilizou a partir do final de julho ou início de agosto, mas continua com altos níveis de contágio.

O nível de risco tolerado pelas autoridades locais é muito menos rigoroso do que os parâmetros permitidos em outros países.

No entanto, além do discurso republicano, há exceções. O governador do Mississippi, Tate Reeves, há muito se recusa a promulgar restrições e só tornou obrigatório o uso da máscara em todo o estado na última sexta-feira. Ele, entretanto, adiou o início do ano letivo para as escolas de ensino médio, onde há surtos de COVID-19.

Em um dos caso, cerca de cem alunos foram colocados em quarentena em uma escola. No condado onde fica este colégio, uma taxa de teste positivo COVID-19 de 25% foi registrada e os serviços de terapia intensiva estão lotados, de acordo com o site CovidActNow.

"Para mim (o recomeço das aulas) é bastante positivo", disse Reeves à Fox News na quarta-feira.

"O sistema está funcionando, identificamos os casos positivos, encontramos seus contatos e estamos tentando proteger essas crianças".

Quarentenas ou fechamento de estabelecimentos também foram decididos em Indiana e no Tennessee.

- Sem regras -Em outras áreas, a educação à distância parece estar ganhando terreno entre as preferências: dois terços dos americanos querem um retorno virtual à escola, de acordo com uma pesquisa da NPR.

Os professores e seus sindicatos também pressionaram os formuladores de políticas, temendo por sua saúde caso o retorno à escola seja obrigatório. Dois terços preferem ensinar online em agosto, de acordo com outra pesquisa da NPR esta semana.

O debate está contaminado pela disputa eleitoral. Trump fez da reabertura uma prioridade, mas a decisão final não é dele.

A pressão da Casa Branca levou os Centros de Controle de Doenças (CDC) a emitir instruções claramente alinhadas com a reabertura, citando os riscos de aumento do abandono escolar entre as populações vulneráveis.

Os pediatras concordam com a importância de manter o sistema de ensino ativo, mas alertam que isso só pode ser alcançado se a epidemia de COVID-19 estiver sob controle local.

"O exemplo do Mississippi deve servir como um aviso para mostrar o que acontece quando se reabre antes que o nível de transmissão seja contido", disse Thomas Tsai, de Harvard, à AFP.

Para o especialista "todas as máscaras e filtros de ar do mundo não poderão minimizar o risco de COVID-19 nas escolas".

No entanto, o governo federal se absteve de estabelecer critérios quantificados, em termos de incidência do vírus, para orientar os tomadores de decisão locais.

Os Estados Unidos são o país mais afetado pela pandemia em termos absolutos, com quase 160.000 mortes e mais de 4,87 milhões de infecções.

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